Num comunicado divulgado nas últimas horas, o chamado Comité Ministerial Árabe Islâmico para Gaza, que representa mais de 50 países, expressou o seu "profundo pesar pela decisão do Departamento de Estado dos EUA" e instou-o a "reconsiderar e revogar" a mesma.
Os EUA anunciaram na sexta-feira que negarão e revogarão os vistos dos diplomatas palestinianos que pretendiam participar na próxima Assembleia Geral da ONU, na qual, este ano, o conflito palestiniano se anunciava como um dos principais focos de atenção.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, - que disse agir "de acordo com a lei americana" - explicou num comunicado que negará os vistos ou revogará os existentes dos membros da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), que governa algumas zonas da Cisjordânia ocupada.
Rubio argumentou que "é do interesse nacional [dos EUA] responsabilizar a OLP e a ANP por não cumprirem os seus compromissos e minarem os esforços de paz".
A ANP, presidida por Mahmoud Abbas, e a OLP são reconhecidas como representantes do povo palestiniano.
Abbas, apoiado pelos países árabes e islâmicos, exige que o grupo islâmico Hamas entregue as suas armas e renuncie ao controlo da Faixa de Gaza como um passo para uma solução para o futuro dos territórios palestinianos após o fim da guerra na Faixa.
Segundo disse no sábado o embaixador palestiniano na ONU, Riyad Mansour, Abbas planeia assistir pessoalmente à Assembleia Geral e tomar a palavra em nome do seu país.
O comunicado agora divulgado pelo Comité Ministerial Árabe Islâmico para Gaza sublinha a "importância de [os EUA] respeitarem as obrigações decorrentes do Acordo sobre a Sede das Nações Unidas, permitirem o diálogo e a diplomacia e aproveitarem as posições positivas da ANP e o seu firme compromisso com a opção estratégica da paz".
Enfatiza também "a necessidade de apoiar a ANP e o seu Presidente Abbas para que impulsionem o programa de reformas do governo e os compromissos que reafirmaram perante os líderes mundiais em apoio à paz e à luta contra a violência, o extremismo e o terrorismo".
Por último, adverte que "enfraquecer a ANP minará os esforços de paz para enfrentar a escalada, a propagação da violência e a continuação do conflito" no Médio Oriente.
A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques do Hamas em 07 de outubro de 2023 em Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel já causou mais de 63 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas do enclave e um desastre humanitário sem precedentes na região.
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