O ataque aéreo noturno, um dos maiores lançados pela Rússia desde que iniciou a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, fez 19 mortos, quatro dos quais crianças.
Segundo Trump, "talvez as duas partes neste conflito não estejam prontas para o terminar sozinhas", acrescentou Leavitt.
A porta-voz da Casa Branca indicou igualmente que o Presidente fará ainda hoje "mais declarações" sobre este conflito, a que se comprometeu a pôr termo.
A reação de Trump, que se recusa a atribuir a responsabilidade da guerra a Moscovo, difere no tom da do seu enviado especial para a Ucrânia, Keith Kellogg, que um pouco antes condenou estes "terríveis ataques".
"A Rússia lançou este ataque a Kyiv e, da mesma forma, a Ucrânia atingiu refinarias russas", prosseguiu Karoline Leavitt, colocando os dois beligerantes a par um do outro.
O enviado especial dos Estados Unidos para a Ucrânia, Keith Kellogg, lamentou hoje o ataque mortal e em grande escala lançado pelas forças russas sobre Kyiv e alertou que tais "atrocidades" põem em risco os esforços do Presidente norte-americano para alcançar a paz.
Kellogg classificou este ataque à capital ucraniana como o segundo maior de toda a guerra, no qual a Rússia utilizou 600 drones e cerca de 30 mísseis.
"Os alvos? Não soldados ou armas, mas zonas residenciais em Kyiv", sublinhou o enviado especial de Trump.
Indicou também que outras instalações civis, e até mesmo gabinetes diplomáticos da União Europeia e uma instituição cultural britânica, foram atingidos.
"Estes ataques hediondos ameaçam a paz que o Presidente, Donald Trump, está a tentar alcançar", afirmou.
Além de 19 mortos, os ataques ocorridos hoje de madrugada em Kyiv fizeram até ao momento também mais de 60 feridos, um número que poderá aumentar à medida que as operações de emergência e resgate prosseguem.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que, com estes novos ataques, a Rússia está mais uma vez a mostrar ao mundo que não ambiciona a paz, e apelou à comunidade internacional para que intensifique as sanções a Moscovo.
"Só entendem força e pressão. Para cada ataque, devem sofrer as consequências", sustentou.
Por sua vez, a Rússia argumentou que os ataques tiveram como alvo bem-sucedido "empresas do complexo militar-industrial e bases aéreas na Ucrânia".
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia a cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado, em ofensivas com 'drones' (aeronaves não-tripuladas), alvos militares em território russo e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.
No plano diplomático, após um longo impasse nas conversações entre Moscovo e Kyiv, realizou-se a 15 de agosto uma cimeira no Alasca entre Trump e o homólogo russo, Vladimir Putin, sobre a guerra na Ucrânia, com a possibilidade de um cessar-fogo como a principal questão em debate, mas não foram alcançados quaisquer resultados.
O republicano de 79 anos tem estado recentemente envolvido em intensa atividade diplomática, reunindo-se, além do homólogo russo, com Zelensky, que recebeu logo de seguida em Washington, e líderes europeus.
Na altura, prometeu reunir os Presidentes russo e ucraniano à volta da mesma mesa.
A Rússia rejeitou até agora qualquer cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda quatro regiões - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - além da península da Crimeia anexada em 2014, e renuncie para sempre a aderir à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).
Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia, que, juntamente com os aliados europeus, exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de entabular negociações de paz com Moscovo.
Por seu lado, a Rússia considera que aceitar tal oferta permitiria às forças ucranianas, em dificuldades na frente de batalha, rearmar-se, graças aos abastecimentos militares ocidentais.
[Notícia atualizada às 19h46]
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