A Rede de Médicos do Sudão, uma Organização Não-Governamental, disse num comunicado que o ataque teve como alvo a zona do mercado central da localidade e o bairro residencial de Awlad al Rif, pelo que considera o bombardeamento "um massacre deliberado contra civis desarmados".
A organização denunciou que os ataques contra bairros residenciais densamente povoados representam uma "violação flagrante do direito internacional e humanitário", ao mesmo tempo que indicou que estas ações "revelam a magnitude das violações generalizadas das Forças de Apoio Rápido [RSF, na sigla em inglês] contra os residentes da cidade".
Por seu turno, o exército sudanês disse num comunicado que lançou drones contra concentrações de paramilitares nas frentes leste e sul de Al-Fashir, enquanto as RSF anunciaram a captura de vários bairros residenciais do sul da cidade e o seu avanço em direção ao quartel-general da sexta divisão de infantaria do exército.
Al-Fashir, capital do estado de Darfur do Norte, está sob cerco dos paramilitares desde abril passado, um cerco que as RSF intensificaram este ano após perderem o controlo de Cartum, capital do Sudão, e de várias outras regiões estratégicas do centro e sul do país africano.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) denunciou quarta-feira que cerca de 260.000 civis - dos quais 130.000 crianças - permanecem presos em Al-Fashir e estão há mais de 16 meses sem assistência básica, desde o início do cerco.
Segundo a Unicef, pelo menos 63 pessoas morreram de desnutrição em apenas uma semana no campo de deslocados de Abu Shouk, nos arredores de Al-Fashir.
A queda de Al-Fashir pode implicar uma divisão territorial no Sudão, especialmente após as RSF e outros grupos políticos e armados aliados terem declarado, em fevereiro, um Governo paralelo com a intenção de obter legitimidade a nível local e internacional e representar uma alternativa ao executivo controlado pelo exército.
A guerra, que eclodiu em 15 de abril de 2023, causou a morte de dezenas de milhares de pessoas e a deslocação de cerca de 13 milhões, enquanto cerca de metade da população do Sudão - cerca de 25 milhões de pessoas - sofre de "insegurança alimentar aguda", segundo as Nações Unidas.
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