"As forças armadas russas estão a cumprir a missão. Continuam a atacar alvos militares e paramilitares", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, após críticas da UE a bombardeamentos em Kyiv que causaram 14 mortos e danificaram a embaixada europeia.
"Ao mesmo tempo, a Rússia continua interessada em prosseguir o processo de negociação, a fim de alcançar os objetivos que foram fixados por meios políticos e diplomáticos", afirmou, citado pelas agências de notícias France-Presse (AFP) e espanhola EFE.
Peskov disse que é o exército ucraniano que ataca a "infraestrutura pacífica" russa, referindo-se aos bombardeamentos de Kyiv contra as refinarias russas que fornecem combustível à máquina de guerra de Moscovo.
"Os ataques são bem-sucedidos, os alvos são destruídos. A operação militar especial continua", acrescentou, sobre os bombardeamentos de hoje de madrugada.
O Ministério da Defesa russo disse anteriormente que visou apenas alvos militares nos bombardeamentos com 'drones' e mísseis, incluindo mísseis hipersónicos Kinzhal.
As autoridades de Kyiv disseram que os ataques causaram 14 mortos, incluindo três crianças, e 48 feridos em Kiev, mas admitiram que o balanço possa ser mais grave por terem ficado pessoas sob os escombros de edifícios residenciais.
Peskov foi questionado sobre declarações anteriores do presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, a sugerir um cessar-fogo aéreo como primeiro passo para um acordo.
"Não foram alcançados acordos sobre este assunto", respondeu o porta-voz do presidente Vladimir Putin, citado pela agência de notícias estatal russa TASS.
"Repito mais uma vez: tudo o que pode ser discutido no contexto de procurar formas de alcançar uma trajetória de acordo deve ser discutido de forma discreta", acrescentou.
Os ataques danificaram cerca de uma centena de edifícios na capital ucraniana, incluindo as instalações da embaixada da União Europeia (UE) e do British Council.
Os dirigentes da UE criticaram duramente a Rússia pelos ataques, com a representante diplomática em Kyiv, Katarina Mathernova, a descrevê-los como a resposta de Moscovo aos esforços de paz.
Na mesma linha, a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, disse que "enquanto o mundo procura um caminho para a paz, a Rússia responde com mísseis".
Kallas chamou o representante russo em Bruxelas para exigir explicações e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prometeu mais um pacote de sanções "para manter a pressão máxima sobre a Rússia".
Nas últimas semanas, o Presidente norte-americano, Donald Trump, reuniu-se com Putin e depois com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, e líderes europeus para tentar encontrar uma solução para o conflito.
Dessas iniciativas saiu a possibilidade de uma cimeira entre Putin e Zelensky, que Trump disse que ia organizar, mas o entusiasmo do líder dos Estados Unidos parece ter esmorecido nos últimos dias face às posições russas.
Moscovo insiste em reivindicar, entre outras questões, os territórios que declarou como anexados, incluindo a Crimeia, que ocupou em 2014, e a exigir que a Ucrânia renuncie à adesão à NATO.
Kyiv quer a retirada das tropas russas do território da Ucrânia, incluindo da Crimeia, e garantias de segurança dos aliados ocidentais para prevenir futuras agressões de Moscovo.
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 para "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho e mergulhou a Europa no pior conflito armado no continente desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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