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Embaixador da Palestina desafia Conselho de Segurança a visitar Gaza

O embaixador palestiniano na ONU desafiou hoje Israel a deixar jornalistas internacionais entrar em Gaza e os diplomatas que integram o Conselho de Segurança da ONU a deslocarem-se ao enclave para constatarem a "realidade".

Embaixador da Palestina desafia Conselho de Segurança a visitar Gaza

© JOHN LAMPARSKI/AFP via Getty Images

Lusa
27/08/2025 22:02 ‧ há 7 horas por Lusa

O desafio foi lançado por Riyad Mansour numa reunião do Conselho de Segurança da ONU em resposta às alegações de Telavive e de "um número muito pequeno de pessoas", que negam a fome no enclave.

 

 Mansour indicou que, se as declarações e relatórios das Nações Unidas, de trabalhadores humanitários, organizações não-governamentais (ONG), do Tribunal Internacional de Justiça e do Tribunal Penal Internacional não são suficientes para sanar as dúvidas sobre a real situação em Gaza, então Israel deve deixar entrar jornalista no enclave e o Conselho de Segurança da ONU deve ir ao local.

"Se todas estas pessoas (...) e tantos outros relatórios não convencem um número muito pequeno de pessoas sobre os factos reais, e ainda acreditam que existe uma enorme coligação contra Israel, então porque é que vocês, o Conselho de Segurança, não vão a Gaza, se reúnem com toda a gente, investigam a situação, descobrem o que realmente se passa com o povo palestiniano, com as crianças, com as mães, com os idosos, com aqueles que estão a morrer de fome?", instou.

"Porque é que não vão lá investigar a situação e levam centenas de jornalistas a reportar? Se todos os relatórios da ONU são tendenciosos e os relatórios do IPC [sobre fome em Gaza] não são precisos, tratem de investigar. Levem jornalistas de Washington, de Nova Iorque, de Los Angeles, de Chicago, de Israel, de todo o lado. Deixem-nos investigar, em vez de matarem jornalistas. Se a verdade é aquilo que procuramos, não serão estes os métodos para a encontrar?", questionou ainda.

O embaixador referiu-se ainda a Gaza como o "inferno na Terra", sendo "o maior depósito de dor, sofrimento, sangue, lágrimas e agonia" na Terra. 

Na reunião focada na fome no enclave palestiniano, os Estados Unidos negaram que Israel tenha em prática uma política de fome em Gaza.

Na semana passada, e pela primeira vez no Médio Oriente, a ONU declarou um cenário de fome em parte do território da Faixa de Gaza e disse que a situação podia ter sido evitada se não fosse "a obstrução sistemática de Israel".

O Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC, sigla em inglês), um organismo da ONU com sede em Roma, confirmou que uma situação de fome estava em curso em Gaza.

Contudo, a embaixadora norte-americana junto da ONU, Dorothy Shea, acusou hoje os autores do relatório de falta de credibilidade e integridade.

Embora reconhecendo que "há um problema real de fome em Gaza", Shea defendeu que os critérios que a ONU usa para declarar fome "não passam no teste".

A diplomata replicou ainda as acusações israelitas de que a ajuda humanitária transportada pela ONU cai frequentemente nas mãos de saqueadores enviados pelo grupo islamita palestiniano Hamas, uma alegação repetidamente negada pela ONU.

Na mesma reunião, a diretora-executiva da ONG Save the Children afirmou que as crianças no enclave palestiniano estão a ser sistematicamente mortas à fome, devido a "uma política deliberada" em que a fome é usada "como método de guerra nos seus termos mais negros".

Já o embaixador de Israel junto à ONU, Danny Danon, afirmou que a reunião de hoje foi repleta de "mentiras" e alegou que o relatório sobre a fome em Gaza foi "fabricado" de forma a "demonizar" Telavive.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita exigiu hoje que as Nações Unidas retirem de imediato o relatório que declarou oficialmente fome na Faixa de Gaza.

Israel acusou o organismo da ONU de ser "uma instituição de investigação politizada", e ameaçou que, se o relatório não for retirado, partilhará "provas da sua má conduta com todos os doadores" da entidade.

O conflito no enclave palestiniano foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde perto de 1.200 pessoas morreram e cerca de 250 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 62 mil mortos, na maioria civis, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas e um desastre humanitário sem precedentes no território.

Leia Também: Médio Oriente: António Guterres reafirma apelo para cessar-fogo imediato

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