Ghassam Daghlas, governador de Nablus, disse à agência de notícias EFE que dezenas de veículos blindados israelitas irromperam na cidade durante a última noite e que as autoridades israelitas posicionaram também atiradores nos telhados de alguns edifícios.
"Várias famílias foram despejadas à força das suas casas e pelo menos uma criança palestiniana foi detida", enquanto as forças israelitas "realizavam buscas extensivas nos becos e bairros da Cidade Velha", disse Daghlas.
Com uma população de aproximadamente 30 mil habitantes, Nablus é considerada a capital económica da Cisjordânia, mas tem o seu comércio sufocado desde outubro de 2023 devido ao apertado controlo de acessos imposto pelas forças israelitas.
Os confrontos, segundo fontes locais citadas pela agência de notícias France-Presse (AFP), eclodiram na entrada leste da Cidade Velha, onde os jovens atiraram pedras contra os soldados, que responderam com gás lacrimogéneo e munições reais.
O ataque, acusou o governador, "faz parte da campanha contínua de incursões israelitas em Nablus, que prossegue há anos e resultou na morte de dezenas de palestinianos, bem como de feridos e detenções".
De acordo com informações prestadas pelo Crescente Vermelho, as suas equipas acudiram sobretudo a problemas relacionados gás lacrimogéneo, mas também se registaram dois casos de ferimentos de bala e cinco por balas de borracha.
A agência de notícias oficial palestiniana, Wafa, referiu que entre os feridos estão um adolescente de 16 anos, atingido no pé, e um jovem de 22 anos, atingido nas costas por uma bala de borracha.
Um porta-voz militar israelita confirmou à EFE e à AFP que o exército está a realizar "atividades" na cidade, sem justificar o motivo.
Ghassan Hamdan, diretor da Assistência Médica Palestiniana em Nablus, disse à AFP que os soldados estavam a "invadir e revistar casas e lojas", algumas das quais "foram transformadas em postos militares".
O ataque ocorre um dia depois de as forças israelitas terem invadido a capital da Cisjordânia, Ramallah, onde se situa a maioria das instituições palestinianas, fazendo 58 feridos (oito por balas, 14 por balas de borracha, cinco por estilhaços e 31 por inalação de gás).
Entre eles, segundo as autoridades, estavam um jovem de 12 anos, um idoso e uma mulher grávida.
O exército israelita justificou que o ataque em Ramallah teve como alvo uma casa de câmbio que alegadamente transferia fundos para o movimento islamita Hamas.
Segundo as forças israelitas, os polícias dispararam em resposta aos palestinianos que atiraram pedras contra as tropas.
O porta-voz presidencial palestiniano, Nabil Abu Rudeina, denunciou em comunicado a operação como "perigosa" e "inaceitável".
A Cidade Velha de Nablus foi alvo de vários ataques israelitas, principalmente em 2002 e em 2022-2023, no âmbito de operações que visavam um grupo de militantes envolvidos em ataques.
O exército realizou uma operação no local em junho deste ano, durante a qual foram mortos pelo menos dois palestinianos.
A violência na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967, tem aumentado desde o início da guerra em Gaza, desencadeada por um ataque sem precedentes do movimento islamista Hamas em solo israelita, a 07 de outubro de 2023.
De acordo com uma contagem da AFP baseada em dados da Autoridade Palestiniana, pelo menos 972 palestinianos, incluindo muitos combatentes, foram mortos por soldados ou colonos israelitas.
Dados oficiais israelitas indicam que pelo menos 36 civis e soldados israelitas foram mortos em ataques palestinianos ou durante operações militares israelitas.
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