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"Abuso". Dinamarca lamenta contraceção forçada em mulheres da Gronelândia

A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, pediu hoje desculpas às vítimas da campanha de contraceção forçada implementada na Gronelândia pelas autoridades de saúde dinamarquesas até 1992.

"Abuso". Dinamarca lamenta contraceção forçada em mulheres da Gronelândia

© MADS CLAUS RASMUSSEN/Ritzau Scanpix/AFP via Getty Images

Lusa
27/08/2025 13:38 ‧ há 5 horas por Lusa

Trata-se de uma das questões mais controversas nas relações entre o Governo de Copenhaga e a Gronelândia, território autónomo dinamarquês, e que tem sido motivo de protesto desde que a televisão pública, DR, revelou que pelo menos 4.500 mulheres e adolescentes (com apenas 12 anos) tinham implantados dispositivos intrauterinos (DIU).

 

Na maior parte dos casos, os dispositivos foram implantados sem consentimento e com subsequentes danos físicos e psicológicos.

"Não podemos desfazer o que aconteceu, mas podemos assumir as nossas responsabilidades", disse hoje a chefe do executivo, num comunicado em que pede "desculpas" em nome da Dinamarca.  

O método contracetivo imposto às mulheres da Gronelândia decorreu entre a década de 1960 e o ano de 1991, quando o território autónomo assumiu a responsabilidade pela assistência médica.

"Reconhecemos que este caso tem sido uma fonte de raiva e pesar para muitas famílias na Gronelândia. Teve naturalmente um impacto na forma como a Dinamarca e a Comunidade do Reino [que também inclui as Ilhas Faroé] são entendidas", disse a primeira-ministra.

Frederiksen condenou o que considerou "o abuso" cometido pelas autoridades de saúde dinamarquesas e falou da importância de a Dinamarca assumir responsabilidades e aprender com o sucedido, estendendo o pedido de desculpas a outros "capítulos sombrios" no tratamento dado aos habitantes da Gronelândia.

A iniciativa de controlo da natalidade fez parte de uma campanha estatal de planeamento familiar num território que tinha abandonado o estatuto colonial em 1953 para se tornar em província dinamarquesa e que estava a passar por um plano de modernização.

Nos últimos anos, os defensores da medida alegaram que a campanha foi impulsionada por um planeamento familiar "criterioso" porque a região registava na altura uma das taxas de natalidade mais elevadas do mundo.

O caso está a ser investigado por uma comissão conjunta, que deve anunciar as conclusões em setembro.

Por outro lado, 143 mulheres gronelandesas processaram o Estado dinamarquês por violação dos direitos humanos, pedindo uma indemnização de 43 milhões de coroas (5,8 milhões de euros).

O governo da Gronelândia iniciou também uma investigação paralela reservando 4,5 milhões de coroas suecas (aproximadamente 600 mil euros) para eventuais indemnizações.

O presidente da Gronelândia, Jens-Frederik Nielsen, também pediu hoje desculpas em nome da região autónoma pelos danos e abusos que várias mulheres possam ter sofrido. 

No ano passado, o antecessor no cargo de presidente da região autónoma, Mute B. Egede, descreveu o caso como "genocídio".

Leia Também: Dinamarca acusa EUA de operações de interferência política na Gronelândia

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