Procurar

Mudança de género de neonazi na Alemanha "põe em causa democracia"

A mudança de género de um neonazi desencadeou uma polémica na Alemanha e já levou o atual governo a questionar a lei de autodeterminação, um caso descrito por organizações de defesa dos direitos LGBT como uma ameaça à democracia.

Mudança de género de neonazi na Alemanha "põe em causa democracia"

© Sebastian Willnow/picture alliance via Getty Images

Lusa
27/08/2025 09:51 ‧ há 9 horas por Lusa

"A lei da autodeterminação destina-se a reforçar os direitos humanos das pessoas trans e não binárias e a proteger os seus direitos fundamentais. Em vez disso, este caso individual ridiculariza a autodeterminação do género ou declara-a um perigo. Isto põe em causa a democracia", apontou à Lusa a LSVD+ - Federação Queer Diversidade na Alemanha.

 

O ministro do Interior da Alemanha, Alexander Dobrindt, levantou esta semana a necessidade de realizar alterações na lei de autodeterminação de género aprovada pelo executivo anterior, liderado pelo social-democrata Olaf Scholz.

Em causa está a controvérsia suscitada pela admissão numa prisão feminina de uma pessoa neonazi que alterou o seu género no registo civil ao ser condenada por crimes de ódio.

O caso de Marla-Svenja Liebich (anteriormente Sven Liebich) é "um exemplo de como é fácil abusar" da lei, revelou o ministro democrata-cristão numa entrevista à revista Stern.

"Outros países, como a Dinamarca, a Bélgica e Malta, alguns dos quais têm procedimentos simplificados de mudança em vigor há muitos anos, não registaram este tipo de abuso das leis", destacou a LSVD+.

"Quando se trata de alojamento prisional, a identidade de género de uma pessoa deve ser decisiva. Um exemplo disso é o regulamento que está em vigor em Berlim há anos. As mulheres trans, em particular, encontram-se numa posição muito vulnerável. Correm um risco real nas prisões masculinas", acrescenta a federação.

Em entrevista, Dobrindt admite que "tem de haver um debate sobre como se podem voltar a estabelecer regras claras contra o abuso de mudança de género", lamentando que a lei aprovada durante a legislatura de Olaf Scholz permita "enganar a justiça, a opinião pública e política".

No entanto, o Partido Social-Democrata (SPD), parceiro minoritário do governo dos democratas-cristãos (CDU), posicionou-se contra um possível endurecimento da lei.

"Criticamos a CDU/CSU por utilizar o abuso anunciado da lei por uma única pessoa, obviamente de extrema-direita, como uma oportunidade para questionar os direitos das pessoas trans e não binárias como um todo. Não se deve permitir que um caso isolado, com o objetivo de provocar, agrave ainda mais a situação já vulnerável das pessoas trans e não binárias, numa altura em que se assiste a uma viragem à direita e a um aumento dos incidentes de crimes de ódio queer e, especialmente, transfóbicos", lamentou a LSVD+ - Federação Queer Diversidade na Alemanha.

Antes de ser condenado, Liebich já se tinha popularizado por dirigir insultos à comunidade LGTBQ, organizar manifestações contra o acolhimento de refugiados ou contra a União Europeia e por divulgar teorias da conspiração antissemitas, racistas, homofóbicas e negacionistas da pandemia.

Leia Também: Neonazi alemão muda de género para cumprir pena em prisão feminina

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com

Recomendados para si

Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

IMPLICA EM ACEITAÇÃO DOS TERMOS & CONDIÇÕES E POLÍTICA DE PRIVACIDADE

Mais lidas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10