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Sabotagem do Nord Stream levou à maior libertação de metano pelo homem

A sabotagem dos gasodutos russos Nord Stream em 2022 resultou na maior libertação de metano provocada pelo homem no planeta, indicou hoje a ONU, referindo-se às conclusões de um estudo no qual participaram dezenas de cientistas.

Sabotagem do Nord Stream levou à maior libertação de metano pelo homem

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Lusa
26/08/2025 23:05 ‧ há 23 horas por Lusa

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ONU

A informação foi transmitida hoje ao Conselho de Segurança da ONU pelo secretário-geral adjunto para a Europa, Ásia Central e Américas, Miroslav Jenca, numa reunião convocada pela Rússia para discutir a investigação às explosões que ocorreram em setembro de 2022 e que danificaram os gasodutos no Mar Báltico. 

 

De acordo com Jenca, cerca de 70 cientistas de 30 organizações de investigação participaram no estudo que concluiu que a variação plausível da fuga registada no Nord Stream foi de 445.000 a 485.000 toneladas de metano - quantidade que representa mais do dobro do que se pensava anteriormente.

Os especialistas referem que, a curto prazo, essa fuga de metano - muito prejudicial para o ambiente - contribuiu para o aquecimento global na medida equivalente à utilização de oito milhões de automóveis num ano.

"Embora o incidente represente apenas uma pequena parte das emissões globais de metano, é um importante lembrete do impacto ambiental no aquecimento global causado pela destruição de infraestruturas críticas", frisou Jenca, destacando que o estudo foi coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente.

O secretário-geral adjunto reforçou ainda que a ONU não possui detalhes adicionais sobre o incidente e não está em condições de verificar ou confirmar as alegações ou outros relatórios sobre o caso.

Na semana passada, o procurador-geral da Alemanha anunciou a detenção em Itália de um ucraniano suspeito de coordenar os ataques contra o Nord Stream.

O detido é suspeito de ter causado uma explosão, destruição de infraestruturas e sabotagem contrária à Constituição baseada no artigo 88.º do código penal alemão.

O ucraniano rejeitou a sua extradição voluntária para a Alemanha, que será agora decidida em tribunal a partir de 03 de setembro.

Na reunião de hoje do Conselho de Segurança, a Rússia expressou relutância face ao papel que esse cidadão ucraniano terá desempenhado no incidente, avaliando que a dimensão da sabotagem "é algo que apenas um pequeno grupo de países pode fazer, países que possuem as capacidades militares e técnicas necessárias".

"Apesar de esta versão ser completamente incongruente, tem uma grande vantagem para o Ocidente (...): Desvia a atenção e coloca os holofotes diretamente em bodes expiatórios que talvez estivessem envolvidos, mas não agiram sozinhos", advogou o embaixador interino da Rússia na ONU, Dmitry Polyanskiy.

Por outro lado, vários membros do Conselho de Segurança pediram que a integridade das investigações em causa seja respeitada, com o Reino Unido a apontar contradições na abordagem de Moscovo. 

"Embora a Rússia exija responsabilização por alguns ataques à infraestrutura, continua a intensificar os seus ataques deliberados à infraestrutura crítica e energética na Ucrânia", observou a diplomata britânica Jennifer MacNaughtan.

"Se a Rússia estiver genuinamente preocupada com a proteção dessa infraestrutura, deveria demonstrar isso ao encerrar a sua agressão ilegal contra a Ucrânia", concluiu.

Já França acusou Moscovo de convocar a reunião de hoje com o intuito de "desviar a atenção e os recursos do Conselho de Segurança, assim como da comunidade internacional", enquanto continua a agressão à Ucrânia.

O Nord Stream é um conjunto de gasodutos de gás natural, composto pelo Nord Stream I e pelo Nord Stream II, que vão da Rússia à Alemanha através do Mar Báltico.

Em setembro de 2022, quatro fugas foram detetadas nos gasodutos, perto da ilha de Bornholm, na Dinamarca. As fugas ocorreram em águas internacionais dentro das zonas económicas da Dinamarca e da Suécia.

Após o incidente, autoridades dinamarquesas, alemãs e suecas iniciaram investigações separadas sobre as explosões, com a Rússia a argumentar que se tratou de um ato deliberado de terrorismo. 

Em fevereiro de 2023, Dinamarca, Alemanha e Suécia indicaram que o incidente deveu-se a um ato de sabotagem.

Em fevereiro de 2024, as autoridades dinamarquesas e suecas encerraram as suas respetivas investigações, alegando falta de fundamento para a instauração de um processo criminal. A Alemanha é o único país com uma investigação nacional em andamento sobre o incidente.

Leia Também: Ucraniano suspeito de sabotar Nord Stream 'tramado' em férias com família

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