Num discurso, o político populista de direita propôs um plano para acabar com o que apelidou de "crise do canal" da Mancha, através do qual dezenas de milhares de pessoas têm chegado, em barcos de borracha, ao Reino Unido a partir de França, para pedir asilo.
"A única forma de impedir a chegada dos barcos é detendo e deportando absolutamente todas as pessoas que chegarem por essa rota. E se fizermos isso, os barcos deixarão de chegar em poucos dias, porque não haverá incentivo para pagar a um traficante para entrar neste país", explicou.
Farage avisou que "quem vier para o Reino Unido ilegalmente, será detido e deportado e nunca, jamais, terá permissão para ficar".
Para facilitar as deportações e evitar obstáculos jurídicos, o deputado sugere sair da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, revogar a Lei dos Direitos Humanos britânica de 1998 e deixar de aplicar a Convenção Internacional sobre Refugiados durante cinco anos.
O Partido Reformista (Reform UK), antigo Partido do Brexit (saída do Reino Unido da UE), entrou para o Parlamento britânico pela primeira vez nas eleições legislativas de 2024, com cinco deputados num total de 650.
Desde então, tem vindo a subir nas sondagens e a estabelecer-se como favorito depois de ultrapassar o Partido Trabalhista, atualmente no Governo, e o Partido Conservador, a principal força da oposição.
As próximas eleições estão previstas para 2029.
Farage apresentou o plano num evento no aeroporto de Oxford (centro de Inglaterra), usando como adereço um painel eletrónico gigante, semelhante ao dos aeroportos, com o título "Deportation Departures" (Partidas de deportações), onde eram indicados voos para Afeganistão, Eritreia, Iémen, Irão, Iraque, Síria, Somália, Sudão, Turquia e Vietname.
O político populista disse acreditar ser capaz de deportar cerca de 600 mil requerentes de asilo em cinco anos e poupar "centenas de milhares de libras" se ganhar as eleições.
Farage realizou o evento numa altura de descontentamento dos britânicos com as políticas de imigração do Governo do primeiro-ministro, Keir Starmer, tema que domina a lista de preocupações, acima da economia ou sistema de saúde.
Depois de ter sido divulgado recentemente que mais de 50 mil migrantes atravessaram o canal da Mancha desde que o Partido Trabalhista chegou ao poder, em julho de 2024, uma sondagem publicada no domingo pelo jornal The Times mostrou que 71% dos eleitores entendem que Starmer está a gerir mal a questão, incluindo 56% de militantes trabalhistas.
Nas últimas semanas, o país também tem vindo a registar protestos regulares contra o alojamento de requerentes de asilo em hotéis, cujos custos anuais superam os dois mil milhões de euros.
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