"Vimos as notícias na imprensa. Entrámos em contacto com as autoridades líbias competentes relativamente a este incidente relatado, a fim de esclarecer os factos", disse o porta-voz do executivo comunitário para a área dos Assuntos Internos, Markus Lammert, na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas.
De acordo com o responsável da Comissão Europeia, "cabe agora às autoridades competentes esclarecer urgentemente o que aconteceu".
A posição surge depois de a SOS Méditerranée ter denunciado que o seu navio "Ocean Viking" foi alvo de um "ataque sem precedentes" da guarda costeira líbia no domingo, enquanto realizava uma operação de resgate de migrantes em águas internacionais.
Quando foi atacado, o barco tinha a bordo 87 pessoas resgatadas na noite anterior, encontrava-se "a norte da costa líbia" e estava "ativamente envolvido na busca de outra embarcação em perigo", precisou a ONG num comunicado.
Abordado por um barco da guarda costeira líbia, recebeu a "ordem ilegal" de "abandonar a zona" e, apesar disso, a tripulação "informou a guarda costeira de que o 'Ocean Viking' estava a abandonar a zona", indicou a SOS Méditerranée.
"No entanto, sem qualquer aviso ou ultimato, dois homens a bordo do barco de patrulha abriram fogo", submetendo a embarcação e a tripulação "a tiros contínuos durante pelo menos 20 minutos", prosseguiu a organização.
Nenhum dos passageiros ou membros da tripulação ficou ferido, mas o ataque causou "impactos de balas à altura da cabeça, a destruição de várias antenas", vidros de janelas estilhaçados e "várias balas atingiram e danificaram" equipamento de salvamento, descreveu a ONG na nota de imprensa.
Depois de emitir um pedido de socorro e alertar a NATO, o SOS do "Ocean Viking" foi encaminhado para um navio da Marinha italiana que "nunca atendeu o telefone", de acordo com a ONG.
A ONG disse que este não foi um ato isolado da guarda costeira líbia.
O "Ocean Viking" rumou a Siracusa, na ilha italiana da Sicília, para desembarcar os migrantes resgatados ao mar e proceder a reparações no navio.
Das 87 pessoas resgatadas pelo "Ocean Viking", 80 são originárias do Sudão e 21 são menores não-acompanhados.
As relações entre a UE e a Líbia estão tensas sobretudo após o ataque da guarda costeira líbia ao navio de resgate "Ocean Viking" e a expulsão de uma delegação europeia de Benghazi, o que expôs fragilidades no diálogo diplomático.
Apesar disso, a UE tenta manter cooperação através da iniciativa de apoio europeu e da operação Irini, que foi prolongada até 2027 para reforçar a segurança marítima e o embargo de armas.
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