IKEA norte-coreano? O que se passa num dos países mais isolados do mundo?

As imagens chegam através de três turistas que mostram o que parece ser uma loja do IKEA e um Starbucks - serviços que, à partida, não deveriam existir na Coreia do Norte, e que, segundo os visitantes, não se destinam aos cidadãos comuns, devido aos preços elevados.

Pyongyang
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© ED JONES/AFP via Getty Images

Carolina Pereira Soares
25/08/2025 09:03 ‧ há 3 horas por Carolina Pereira Soares

Mundo

Coreia do Norte

A isolada e misteriosa Coreia do Norte está, aparentemente, a inspirar-se no capitalismo ocidental.

 

Quem o diz é o The New York Times que, recentemente, conseguiu fotografias e vídeos do país a partir de três pessoas que visitaram brevemente a Coreia do Norte.

Os estrangeiros conseguiram trazer alguns indícios de como é a vida num dos países mais reservados e autoritários em todo o mundo, mas vídeos de zonas de construção ou de áreas militares eram expressamente proibidos. E a proibição era posta em prática todos os dias pelos acompanhantes norte-coreanos que estavam em permanência com estes visitantes.

As imagens que chegam através destes três turistas mostram o que parece ser uma loja do IKEA e um Starbucks - serviços que, à partida, não deveriam existir no país, e que, segundo os visitantes, não se destinam aos cidadãos comuns, devido aos preços elevados.

Segundo a Coreia do Sul, os norte-coreanos recebem, em média, mil euros por ano.

Um estudante chinês, que está a ter aulas em Pyongyang, contou ao jornal norte-americano que, inicialmente, achou que ia chegar a um país de terceiro mundo.

“Estava preocupado em não ter comida suficiente ou roupas quentes. Mas quando cheguei, encontrei um país cheio de luxos”, relatou o jovem que escolheu permanecer em anonimato, por medo de represálias.

Há IKEA e Starbucks na Coreia? 

Na capital, o chinês disse que um dos sítios que melhor ilustra o luxo na Coreia do Norte é um centro comercial numa das melhores zonas da cidade, que vende desde mobília, a produtos para a casa e até alimentos. 

Entre os seus colegas chamavam ao estabelecimento o “IKEA norte-coreano” que, efetivamente, apresentava muitas semelhanças com a cadeia sueca.

O estudante contou que a forma como a loja estava construída, a disposição dos produtos e os próprios nomes dos mesmos davam a impressão de que, de facto, se tratava de uma loja do IKEA.

Aliás, alguns dos itens para venda tinham não só o mesmo nome, como também as mesmas embalagens que se encontram nas lojas verdadeiras - o que levanta a questão se os produtos não passam de uma imitação ou se são, pelo menos, contrabandeados para o país.

Dentro deste centro comercial há ainda um café chamado 'Mirai Reserve': uma cópia do ‘Starbucks Reserve’, onde a estrela no logotipo original é trocada por um ‘M’ estilizado.

Os preços no café, segundo o estudante chinês, ficam, de facto, fora das possibilidades dos norte-coreanos, se formos pelos relatos do país vizinho. O jovem disse que chegou a pagar 25 dólares (e ele pagava mesmo em dólares e não no won norte-coreano), cerca de 20 euros, por apenas três simples cafés.

IKEA e Starbucks negam terem lojas na Coreia do Norte

Ao The New York Times, tanto a empresa Starbucks como o IKEA garantiram que não têm sucursais na Coreia do Norte.

“Não autorizamos qualquer canal de venda na Coreia do Norte”, afirmou um porta-voz da companhia sueca. “Estamos continuamente a monitorizar violações dos nossos direitos intelectuais e, quando assim o exige, tomamos medidas contra isso.”

Pyongyang é a casa das elites com dinheiro e gostos ocidentais

Kim Jong-un, o líder supremo da Coreia do Norte, não só apoia como encoraja o consumismo (um ato tipicamente ocidental) em Pyongyang. A razão é muito simples: a capital alberga as elites norte-coreanas que, muitas vezes, regressam a casa depois de viagens ao estrangeiro, com vontade de continuar a usufruir dos produtos ocidentais.

Segundo a Coreia do Sul, mais uma vez, Kim Jong-un permite o consumismo dos mais ricos no país, como forma de angariar mais dinheiro para os cofres do estado.

E até mesmo o método como estes dólares chegam ao líder supremo é muito típico do Ocidente: os pagamentos são, maioritariamente, feitos por telemóvel.

Vendedores preferem pagamentos por telemóvel

O maratonista sueco Johan Nylander, que este em Pyongyang em abril para uma corrida, contou que até os vendedores de rua em produtos como garrafas de água ou sumos, preferiam pagamentos digitais por QR Code em vez de dinheiro físico.

“Os telemóveis são uma parte importante da vida quotidiana”, disse. “Eles têm muitas das mesmas aplicações que encontramos no resto do mundo: vídeo, mensagens, compras, Uber - tudo na versão norte-coreana.

“Isto mostra, no mínimo, duplicidade na política norte-coreana”, afirmou o especialista no país na Universidade Dong-A na Coreia do Sul, Kang Dong-wan. O regime adota os costumes ocidentais para modernizar a capital, mas, ao mesmo tempo, desvaloriza a sua influência.

Leia Também: Coreia do Norte acusa Presidente sul-coreano de "cortejar" Washington

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