O envio destes três navios militares ocorre no momento em que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensifica a pressão sobre o seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, duplicando no início de agosto para 50 milhões de dólares uma recompensa oferecida por qualquer informação que permita prendê-lo por tráfico de drogas.
Três contratorpedeiros lança-mísseis da classe Aegis estão a caminho das águas ao largo da Venezuela, informou à AFP o responsável, sob condição de anonimato.
De acordo com a agência AP na passada terça-feira, Washington planeava enviar em "em breve" os três navios em causa, com a intenção de os deixar aí posicionados "ao longo de vários meses", segundo fonte não identificada do Departamento de Defesa.
A agência EFE informou no mesmo dia que a missão envolve um submarino nuclear, uma aeronave de reconhecimento P8 Poseidon, vários contratorpedeiros e um navio de guerra equipado com mísseis.
Segundo vários meios de comunicação social norte-americanos, a Administração Trump também planeia enviar 4.000 fuzileiros navais para a região das Caraíbas, perto da costa venezuelana.
Trump tem usado a luta contra o tráfico de drogas para justificar muitas das suas políticas, desde o retorno à Casa Branca em janeiro, nomeadamente a imposição de tarifas alfandegárias ao México ou à China, ou a onda de prisões violentas de imigrantes latino-americanos considerados ilegais.
Washington, que não reconhece a vitória, amplamente contestada, interna e externamente, de Nicolás Maduro nas últimas eleições presidenciais na Venezuela, acusa o chefe de Estado venezuelano de estar envolvido numa rede de "narcotráfico" internacional.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, classificou na terça-feira o governo venezuelano como um "cartel narcoterrorista" e Nicolás Maduro como o "líder fugitivo desse cartel".
Questionada pela imprensa sobre a possibilidade de envio de tropas norte-americanas para a Venezuela, Leavitt afirmou que Donald Trump recorrerá a "todos os meios" para "impedir que as drogas inundem" os Estados Unidos.
Num vídeo publicado nas redes sociais, a procuradora-geral norte-americana, Pam Bondi, afirmou que Maduro "é hoje um dos maiores narcotraficantes do mundo e uma ameaça à segurança nacional" de Washington, participando no narcotráfico diretamente e através de "cartéis assassinos sediados na Venezuela e no México".
Em causa estão organizações consideradas terroristas por Washington, como o Tren de Aragua e os cartéis de Sinaloa e dos Sóis.
O Departamento de Justiça apreendeu mais de 700 milhões de dólares em ativos ligados a Maduro, incluindo dois jatos privados e vários veículos, disse a procuradora-geral.
Depois de qualificar como "patética" e "grosseira operação de propaganda política" a nova recompensa de Washington para prendê-lo, Maduro anunciou na segunda-feira a deslocação de 4,5 milhões de milicianos "para garantir a cobertura de todo o território" da Venezuela, onde reside uma importante comunidade lusodescendente.
Fundada pelo falecido presidente Hugo Chávez, de quem Nicolás Maduro é o sucessor, a milícia venezuelana é, segundo fontes oficiais, composta por cinco milhões de pessoas, civis ou reservistas, sob o comando do exército.
O ministro do Interior e da Justiça da Venezuela, Diosdado Cabello, informou na passada terça-feira que Caracas também já posicionou meios navais nas suas águas.
"Estas ameaças não afetam apenas a Venezuela, mas também colocam em risco a paz e a estabilidade de toda a região, incluindo a Zona de Paz declarada pela CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), um espaço que promove a soberania e a cooperação entre os povos latino-americanos", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros venezuelano na terça-feira.
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