Ao apresentar os resultados intercalares, a CK Hutchison indicou que a operação, que envolve 43 portos fora da China continental, está a demorar "muito mais do que o esperado", mas acrescentou que ainda existe uma "probabilidade razoável" de chegar a acordo, prevendo-se a entrada de um "importante" investidor chinês.
Pequim criticou duramente a venda, anunciada em março, considerando-a uma ameaça aos interesses nacionais e exigindo a submissão da operação ao processo de revisão de fusões da China, apesar de não envolver ativos no continente.
O período de negociação exclusiva com a gestora de fundos norte-americana BlackRock e o grupo de transporte marítimo suíço-italiano MSC terminou a 27 de julho. A estatal chinesa Cosco procura agora garantir uma participação de pelo menos 20% a 30% no negócio, segundo o jornal britânico Financial Times.
"Com um negócio desta dimensão e complexidade, a conclusão não ocorreria este ano, mesmo que novos acordos vinculativos sejam alcançados ainda este ano", disse o vice-diretor executivo Frank Sixt.
Segundo Sixt, "há uma probabilidade razoável" de as negociações resultarem num acordo "positivo para todas as partes", embora estejam a demorar "muito mais do que o esperado".
Os termos iniciais previam que a BlackRock assumisse o controlo de dois portos da CK Hutchison nas duas extremidades do Canal do Panamá, enquanto a MSC ficaria com a maioria nas restantes 41 instalações fora da China continental, incluindo portos no Sudeste Asiático, Europa e Médio Oriente.
O negócio motivou críticas de Pequim, intensificadas pelas declarações do Presidente norte-americano, Donald Trump, que em março afirmou que a operação equivalia a "reclamar o Canal do Panamá".
A Cosco é atualmente o único conglomerado chinês autorizado a participar nas conversações, o que lhe confere forte poder negocial sobre a BlackRock e a MSC, que deverão precisar de um parceiro chinês para obter a aprovação de Pequim.
A CK Hutchison disse esperar que um novo acordo "possa ser aprovado por todas as autoridades competentes", incluindo a China.
No primeiro semestre do ano, o negócio portuário da CK Hutchison registou um aumento de 11% nos lucros antes de juros e impostos, para 7,2 mil milhões de dólares de Hong Kong (787 milhões de euros), devendo encerrar 2025 com "bom" crescimento.
Já o lucro líquido caiu 92% para 852 milhões de dólares de Hong Kong (93 milhões de euros). A empresa declarou um dividendo intercalar de 0,71 dólares de Hong Kong (7,8 cêntimos de euro) por ação, acima dos 0,69 registados no período homólogo.
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