Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da União Europeia (UE), incluindo o português Paulo Rangel, reuniram-se na segunda-feira por videoconferência, numa iniciativa da alta representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, para discutir a iniciativa para a paz na Ucrânia lançada por Donald Trump.
A discussão ministerial teve lugar quatro dias antes de um encontro agendado entre Trump e Vladimir Putin no Alasca, e depois de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter rejeitado a sugestão do Presidente norte-americano de que a solução para o conflito passaria por uma "troca de territórios".
Na declaração, divulgada após a reunião, os líderes da UE apoiaram os esforços de Trump para pôr fim à "guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia", frisando que "alcançar uma paz e segurança justas e duradouras" para Kyiv "deve respeitar o direito internacional, incluindo os princípios da independência, soberania, integridade territorial e a proibição de alterações das fronteiras internacionais pela força".
"O povo ucraniano deve ter a liberdade de decidir o seu futuro. O caminho para a paz na Ucrânia não pode ser decidido sem a Ucrânia. Só pode haver negociações significativas no contexto de um cessar-fogo ou da redução das hostilidades", adiantaram.
A Hungria, como em anteriores posições da UE sobre o conflito na Ucrânia, não se associou à declaração de hoje.
Desde o anúncio da cimeira Trump-Putin, os países europeus têm multiplicado as trocas diplomáticas, esforçando-se por formar uma frente comum.
Num contexto em que os países europeus procuram evitar que Trump e Putin decidam entre si um entendimento prejudicial a Kyiv, o chanceler alemão, Friedrich Merz, convidou na segunda-feira os Presidentes dos Estados Unidos e da Ucrânia, o secretário-geral da NATO e vários líderes europeus para uma reunião virtual na quarta-feira, dois dias antes da cimeira Trump-Putin.
A Comissão Europeia já confirmou que a presidente, Ursula von der Leyen, participará "nos telefonemas organizados pelo chanceler Merz" e também devem participar nos "vários grupos de discussão" os chefes de Estado e de Governo do Reino Unido, da Finlândia, de França, de Itália e da Polónia, além do presidente do Conselho Europeu, António Costa, e do secretário-geral da NATO, Mark Rutte, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.
Do lado norte-americano, além de Trump, é igualmente esperada a participação do vice-presidente, JD Vance.
Na declaração divulgada hoje, os líderes europeus salientaram que a "guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia tem implicações mais vastas para a segurança europeia e internacional", e disseram partilhar "a convicção de que uma solução diplomática deve proteger os interesses vitais de segurança da Ucrânia e da Europa".
Manifestaram ainda a intenção de, em coordenação com os Estados Unidos e outros parceiros, continuarem a prestar à Ucrânia apoio político, financeiro, económico, humanitário, militar e diplomático, no direito de Kyiv à autodefesa.
Prometeram também continuar a impor medidas restritivas contra a Federação Russa.
"Uma Ucrânia capaz de se defender eficazmente é parte integrante de quaisquer garantias de segurança futuras. A União Europeia e os Estados-membros estão dispostos a contribuir ainda mais para as garantias de segurança com base nas suas respetivas competências e capacidades", acrescentaram.
"A União Europeia sublinha o direito inerente da Ucrânia de escolher o seu próprio destino e continuará a apoiá-la no seu caminho para a adesão", sublinharam.
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