Justiça acusa ativista venezuelana de conspiração com governo estrangeiro

O Ministério Público (MP) da Venezuela anunciou a detenção da ativista dos direitos humanos Martha Lía Grajales, formalmente acusada de incitamento ao ódio, conspiração com um governo estrangeiro e associação para cometer delito.

Relatives call for the release of detainees in Caracas

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Lusa
12/08/2025 06:06 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Venezuela

"O Ministério Público (MP) informa que Martha Lía Grajales foi apresentada [em tribunal] e acusada, dentro do prazo estabelecido por lei, após ter sido solicitada uma ordem de captura contra ela por ações contra as instituições venezuelanas e a paz da República", foi anunciado, na segunda-feira, na rede social Instagram.

 

Na mesma plataforma, o MP explicou que foi ordenada "privação de liberdade pelo tribunal, pelos crimes de incitamento ao ódio, conspiração com um governo estrangeiro e associação" para cometer delito.

"O MP, enquanto garante da justiça e dos direitos humanos, zelará pelo cumprimento das garantias de um devido processo que consagrada a Constituição", sublinhou.

No sábado, a organização não-governamental venezuelana Comité pela Liberdade dos Presos Políticos (Clippve) denunciou a detenção de Gragales, na sexta-feira, no final de uma concentração de apoio a mulheres recentemente atacadas por grupos paramilitares.

O Clippve acrescentou que a detenção aconteceu em Los Palos Grandes, a leste de Caracas, no final de uma concentração em apoio a um grupo de 50 mulheres que na passada terça-feira, foram atacadas por grupos armados, afetos ao regime, quando realizavam uma vigília pelos presos políticos junto ao Supremo Tribunal de Justiça.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, pediu a libertação imediata de Gragales.

"A ONU apela à libertação imediata da ativista dos direitos humanos Martha Lía Grajales. Foi detida após uma manifestação em Caracas, a 08 de agosto. A família e o advogado devem ser informados sobre o destino e paradeiro. Os seus direitos humanos têm de ser respeitados", escreveu Volker Türk na rede social X.

Em Caracas, várias organizações não-governamentais (ONG) exigiram a libertação da ativista.

Ainda em Caracas, em La Veja, a oeste da capital, dezenas de pessoas de diversas organizações comunitárias concentraram-se na segunda-feira para exigir a libertação da ativista.

Durante o protesto foi lido um comunicado no qual condenaram a detenção e destacaram a trajetória de Martha Lía Grajales na defesa dos direitos das comunidades marginais e dos jovens pobres daquela localidade.

A delegação venezuelana da rede internacional de diários de esquerda, La Izquierda Diario, indicou que mais de 800 intelectuais e ativistas dos direitos humanos exigiram que Martha Lía Grajales seja libertada.

Membro da organização Surgentes e ativista dos direitos humanos, a ativista foi forçada, a 08 de agosto, por agentes da Polícia Nacional Bolivariana a entrar numa carrinha cinzenta sem matrícula, num ponto de controlo instalado recentemente.

A Clippve indicou que a detenção ocorreu poucos dias depois de Grajales "ter sido agredida fisicamente por grupos armados não identificados durante a vigília organizada pelo Comité de Mães em Defesa da Verdade".

Depois dessa agressão, a ativista tentou apresentar queixa ao Ministério Público e ao Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (antiga Polícia Técnica Judiciária), "mas ambos os organismos se negaram a recebê-la", escreveu a ONG na rede social X.

A ONG Foro Penal (FP) contabilizou, em 4 de agosto, na Venezuela, 807 pessoas detidas por motivos políticos, 712 homens e 95 mulheres.

Do total de presos políticos, 638 são civis e 169 militares, 803 adultos e quatro adolescentes.

 

FPG // EJ

Lusa/Fim

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