Myint Swe morreu às 08h28 (02h58 em Lisboa) num hospital militar em Naipyido, refere a junta numa declaração, em que anuncia também a realização de um funeral de Estado.
A morte de Myint Swe ocorreu mais de um ano depois de se ter demitido das funções presidenciais, após assumir que estava com problemas de saúde.
O político birmanês, que assumiu o cargo -- cujo papel é quase cerimonial - após o golpe militar, em 2021, sofria de perturbações neurológicas e de neuropatia periférica, que causaram "problemas psicomotores e de má nutrição", declarou a junta em julho de 2024.
A doença impediu-o de garantir as responsabilidades do cargo, pelo que o líder da junta, o general Min Aung Hlaing, assumiu as funções presidenciais.
A morte ocorre uma semana depois de a junta militar birmanesa ter anunciado o fim do estado de emergência decretado desde o golpe de Estado, no quadro da realização de eleições, previstas para os próximos seis meses.
De acordo com a junta, estas eleições, questionadas pela oposição e pela comunidade internacional, poderão ter lugar em dezembro.
Myint Swe desempenhou funções de vice-presidente durante o Governo civil liderado pela conselheira de Estado e Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, graças aos privilégios que a Constituição birmanesa reserva ao exército, que, entre outros poderes, lhe permite nomear uma pessoa para o referido cargo.
Após a revolta, o exército promoveu-o a presidente, na sequência da detenção de Suu Kyi e de Win Myint - presidente entre 2018 e 01 de fevereiro de 2021, a data do golpe -, e entregou imediatamente o poder aos militares, nomeando o chefe das forças armadas, o general golpista Min Aung Hlaing, como primeiro-ministro interino.
Embora seja uma figura mais protocolar, o presidente tem poderes importantes, como a aprovação de decretos.
O golpe militar de 2021 pôs fim a dez anos de transição democrática e abriu uma espiral de violência, que exacerbou a guerra de guerrilha que o país vive há décadas, com milhares de jovens a juntarem-se a grupos armados que combatem o exército.
Leia Também: Mais de 20 civis (incluindo crianças) mortos após ataque aéreo em Myanmar