"Houve uma ação deliberada e direcionada por parte de uma potência estrangeira, nossa aliada da NATO, em cooperação com alguns jornalistas e personalidades políticas eslovacas, para influenciar as eleições de 2023", afirmou Robert Fico, numa conferência de imprensa em Bratislava.
Essas eleições marcaram o regresso ao poder do controverso Fico, que se demitiu do cargo em 2018, na sequência do assassínio do jornalista de investigação Jan Kuciak e de uma onda sem precedentes de protestos de rua contra o político.
Fico venceu as eleições de 2023 com 23% dos votos, o que lhe permitiu formar um governo de coligação com o partido social-democrata Hlas (Voz) e o ultranacionalista Partido Nacional Eslovaco (SNS).
Desde então, o governo eslovaco fez uma mudança radical na política externa do país, distanciando-se da Ucrânia, à qual deixou de fornecer armas, e criticou a UE por abandonar o legado de paz e abraçar uma posição belicista numa guerra com a Rússia que, para Fico, não tem solução militar.
O primeiro-ministro eslovaco baseou a queixa numa investigação publicada pela plataforma de investigação Declassified UK, que relata como a diplomacia britânica assinou um contrato de 10 milhões de libras (11,5 milhões de euros) com a agência de comunicação Zinc Network para "financiar secretamente centenas de influenciadores estrangeiros cuja função é fazer propaganda política no YouTube".
Enquanto a base eleitoral de Fico é mais velha, os progressistas têm mais apoio entre os jovens, a quem se dirigia a campanha alegadamente patrocinada pelos britânicos.
Para já, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Juraj Blanar, convocou o embaixador britânico Nigel Baker para consultas na quarta-feira.
A Eslováquia tenciona igualmente apresentar esta queixa nas próximas reuniões da UE, em especial no âmbito das ameaças híbridas e da interferência nas campanhas eleitorais, que serão objeto da reunião de setembro dos ministros e secretários de Estado dos Assuntos Europeus.
A oposição eslovaca considerou esta denúncia como uma cortina de fumo para desviar a atenção de outras questões, como o aumento do custo do cabaz de compras e da habitação, ou a situação hospitalar do país.
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