Milhares de apoiantes do Partido Democrático Progressista (DPP), atualmente no Governo, manifestaram-se na quinta-feira no centro de Taipé em apoio às destituições, que visam deputados do KMT considerados vulneráveis ou alinhados com Pequim. Escritores, músicos e ativistas participaram nos comícios, apelando para a mobilização popular.
O DPP venceu as presidenciais de janeiro, mas ficou em minoria no Parlamento, com 51 dos 113 assentos. O KMT, favorável a relações mais próximas com a China continental, e o Partido Popular de Taiwan (TPP) detêm atualmente 62 lugares.
Desde então, o bloco opositor tem travado iniciativas do Governo, incluindo o orçamento da Defesa, o que é visto como um entrave à resposta de Taiwan perante a ameaça militar da China, que considera a ilha parte do seu território.
Os referendos de destituição -- uma novidade na democracia taiwanesa -- exigem o apoio de 40% dos eleitores registados em cada círculo para serem aprovados. Em caso de sucesso, terão lugar eleições parciais, nas quais todos os partidos poderão apresentar candidatos.
A oposição acusa o DPP de tentar obter uma maioria pela via administrativa e de minar o sistema multipartidário, enquanto os promotores das destituições apontam a proximidade do KMT à China, alegando corrupção e falta de cooperação institucional.
A questão chinesa dominou o debate, com Pequim a classificar os referendos como "fúteis" e a reiterar a inevitabilidade da "reunificação", por meios pacíficos ou militares.
Políticos do KMT foram criticados por viagens à China e encontros com autoridades chinesas, defendendo-se como necessários para manter canais de comunicação.
Para ativar cada referendo, os organizadores recolheram assinaturas de pelo menos 10% dos eleitores por distrito, num processo complexo que limitou o número total de deputados visados.
Apesar do entusiasmo gerado entre os apoiantes do DPP, a formação pode continuar em minoria mesmo que as destituições sejam bem-sucedidas, dado que o KMT pretende disputar todas as eleições parciais.
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