O exército tailandês afirmou que as forças de Phnom Penh abriram fogo numa zona fronteiriça, na província de Surin, e que seis soldados cambojanos estavam à porta de uma base de operações tailandesa "totalmente armados, incluindo [com] lança-foguetes".
Entretanto, o presidente do Senado cambojano e antigo líder Hun Sen acusou as forças tailandesas de iniciarem o ataque. "O exército cambojano não tem outra escolha senão retaliar e contra-atacar", escreveu Hun Sen, numa publicação na rede social Facebook.
"As agências competentes do Exército Real Tailandês estão a monitorizar de perto a situação", indicaram as forças de Banguecoque, afirmando ter ouvido "o som de um veículo aéreo não tripulado cambojano" a sobrevoar o local.
O primeiro-ministro interino da Tailândia, Phumtham Wechayachai, disse aos jornalistas ter recebido um "relato, pouco depois das 08h00 [02h00 em Lisboa] de que foram disparados tiros". "Estamos a investigar os detalhes", continuou.
"A situação exige extrema cautela e deve ser tratada de acordo com o direito internacional. Não quero entrar em detalhes neste momento e peço aos meios de comunicação social que noticiem com cautela, pois as emergências podem surgir a qualquer momento", acrescentou Wechayachai.
Os líderes militares tailandeses "estão a reunir-se" e o Conselho de Segurança Nacional foi convocado, ainda de acordo com o líder interino, notando, porém, que este "não se tornou um confronto total".
A tensão entre os exércitos das nações vizinhas acontece um dia depois de um soldado tailandês ter perdido a perna direita ao pisar uma mina terrestre em território fronteiriço, em Ubon Ratchathani.
Este é o segundo incidente do género este mês, levando a Tailândia a retirar o embaixador no Camboja e a expulsar o embaixador cambojano em Banguecoque.
As autoridades tailandesas responsabilizam o Camboja pela instalação de minas terrestres em território tailandês, o que, segundo Banguecoque, constitui uma violação da Convenção de Otava, acordo internacional que proíbe o uso, o armazenamento, a produção e a transferência de minas terrestres antipessoal, de acordo com a emissora pública Thai PBS.
Banguecoque e Phnom Penh estão envolvidas numa disputa territorial de longa data na fronteira partilhada, que se intensificou desde o final de maio, após a morte de um soldado cambojano numa troca de tiros entre os dois exércitos.
Desde este incidente, pelo qual os dois se culpam mutuamente, a Tailândia e o Camboja intensificaram o envio de tropas para áreas que ambos reivindicam.
Enquanto Banguecoque defende uma solução bilateral, Phnom Penh encaminhou a disputa para o Tribunal Internacional de Justiça, em junho.
Leia Também: Tailândia. Detida mulher suspeita de seduzir e extorquir monges budistas