Os políticos oposicionistas na Argentina acusaram Peter Lamelas de violar convenções diplomáticas e interferir nos assuntos internos argentinos, em particular em assuntos jurídicos.
A comunicação social argentina entrou em velocidade acelerada na cobertura de Lamelas, deputados apresentaram uma moção no Congresso a rejeitar as suas afirmações, consideradas "uma interferência inaceitável em assuntos de soberania nacional" e os sindicatos convocaram um protesto massivo frente à embaixada dos EUA, em Buenos Aires.
O governador da província da capital, Axel Kicillof, escreveu na sua conta na rede social X "LAMELAS GO HOME" ("LAMELAS VAI PARA CASA").
"As afirmações de Lamelas lembram os tempos negros da interferência dos EUA na vida democrática da nossa região", acrescentou.
Nascido em Cuba, Lamelas é médico, fundador de uma rede de clínicas de cuidados urgentes, no Estado da Florida e financiador de Trump desde há muito tempo.
Lamelas foi ouvido no Senado, na terça-feira, em audição relacionada com a sua nomeação para o cargo.
Em causa estão as suas declarações sobre o alegado papel de Kirchner na obstrução de uma investigação ao ataque, em 1994, a um centro comunitário judio em Buenos Aires, que causou 85 mortes e mais de 300 feridos.
Apesar de várias pessoas terem sido condenadas por terem bloqueado a investigação, a ex-presidente nega as alegações e ainda não foi julgada.
Durante a sua audição, Lamelas assegurou que Kirchner estava "claramente envolvida na obstrução", sem avançar provas ou justificar a acusação.
Da mesma forma, disse ainda que a ex-presidente tinha alguma coisa a ver com a morte suspeita, em 2015, do procurador especial Alberto Nisman, encarregado de investigar o ataque: "Deus sabe se ela esteve envolvida na morte".
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