Mais de 700 pedem cancelamento de concerto em Itália dirigido por russo

Mais de 700 pessoas, incluindo vários prémios Nobel, apelam numa petição ao cancelamento do concerto dirigido pelo maestro russo Valeri Gergiev, marcado para 27 de julho em Caserta, Itália, devido à afinidade deste com o presidente russo Vladimir Putin.

Valeriy Gergiev

© Brill/ullstein bild via Getty Images

Lusa
19/07/2025 10:33 ‧ há 2 semanas por Lusa

Mundo

Valeri Gergiev

De acordo com a agência EFE, a petição foi iniciada pela associação Memorial Italia, um ramo da organização histórica russa de defesa dos direitos humanos Memorial, criada para restaurar a memória das vítimas dos gulags e empenhada na luta contra o autoritarismo e a repressão de Putin, que entregou duas cartas com o mesmo objetivo.

 

Na primeira carta, dirigida à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e ao presidente da região italiana de Campânia, onde se situa Caserta, Vincenzo de Luca, pede-se não só que se cancele o concerto, mas também que se investigue o uso de fundos públicos para a realização de iniciativas relacionadas com propaganda russa em território da União Europeia.

Entre os peticionários contam-se a Prémio Nobel da Paz de 2022 e diretora do Centro de Liberdades Civis, de Kiev, Oleksandra Matviichuk, a Prémio Nobel da Literatura de 2009, Herta Müller, o vencedor do Prémio Goncourt de 2006, Jonathan Littell, o vencedor do Prémio Booker russo de 2000, Mikhail Shishkin, e a vice-presidente do Parlamento Europeu, Pina Picierno.

Na segunda carta, dirigida aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado italianos, apela-se à criação de um organismo de controlo parlamentar específico para combater a propaganda russa em Itália, onde têm sido denunciados casos de apoio a Putin entre políticos e outras figuras públicas.

O caso está a ser acompanhado pela polícia de Caserta, por receio que o protesto, promovido por associações ucranianas mas também por dissidentes russos, possa chegar ao Palácio Real, onde irá decorrer o concerto, uma vez que muitos bilhetes para as primeiras filas, que já esgotaram, foram comprados por membros de associações ucranianas, de acordo com órgãos de comunicação social locais.

Na terça-feira, a viúva do opositor russo Alexei Navalni, Julija Navalnaja, apelou às autoridades italianas para que impeçam a participação de Valeri Gergiev no concerto em Caserta, considerando-o "cúmplice dos piores crimes de Putin".

Numa carta aberta publicada no jornal italiano la Repubblica, na qual recordou que o músico apoiou publicamente, durante mais de uma década, as políticas do Kremlin, incluindo a anexação da Crimeia em 2014 e a invasão da Ucrânia em 2022, Julija Navalnaja defende que a presença do maestro em Itália "seria um presente para o ditador russo".

Em Itália, houve quem criticasse o convite ao maestro, como Pina Picierno, do Partido Democrático, da oposição, mas também quem, como o ministro dos Negócios Estrangeiros, Ivan Scalfarotto, alertasse para o "risco de censura cultural".

O ministro italiano da Cultura, Alessandro Giuli, defendeu que o concerto de Giergiev "poderia transformar um evento musical de alto nível" numa "caixa de ressonância da propaganda russa".

O festival 'Un'estate da Re' (Um verão de rei, tradução livre em português) realiza-se todos os anos com recurso a fundos públicos da região da Campânia, no sul de Itália, e é dedicado a grandes nomes da música clássica internacional.

Leia Também: Moscovo admite que comércio entre Rússia e UE deixe de existir

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