"Não abandonaremos a nossa fé nem a nossa força, estamos prontos para o confronto. Não haverá rendição nem entrega das armas da resistência e Israel não nos vai tirar as armas", defendeu num discurso transmitido pela televisão libanesa o secretário-geral da formação, considerada terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
O clérigo xiita argumentou que a existência de armamento é o "principal obstáculo" à expansão do Estado judaico e é necessária para proteger o Líbano, pelo que condicionou um eventual diálogo interno sobre o assunto ao desaparecimento prévio da ameaça israelita.
Apesar da entrada em vigor de um cessar-fogo em novembro passado, Israel continua a atacar o território libanês praticamente todos os dias, às vezes com ondas de bombardeamentos de grande magnitude.
Esta semana, os bombardeamentos israelitas deixaram doze mortos no Vale do Bekaa, no leste do país.
Além disso, Israel mantém as suas tropas em cinco colinas no sul do Líbano, de onde se recusa a retirar, violando as estipulações do cessar-fogo.
O Presidente do Líbano pediu na semana passada a Israel que se retire dos cinco pontos que ocupa no sul do Líbano, alegando que a sua presença "impede a deslocação do exército para a fronteira".
O acordo de cessar-fogo que pôs fim à guerra entre o Hezbollah pró-iraniano e Israel, em novembro, estipula que apenas o exército libanês e as forças de manutenção da paz devem ser destacados para o sul do país.
Joseph Aoun rejeitou, por isso, qualquer normalização das relações com Israel, como tinha pedido Telavive, explicando que primeiro é preciso haver paz.
As autoridades israelitas justificam os ataques contra o Líbano com a necessidade de fazer frente às atividades do Hezbollah, não considerando, por isso, que constituam violações do cessar-fogo
No entanto, Beirute critica estas ações, também condenadas pelas Nações Unidas.
"Sabemos que o confronto é caro, mas a rendição nos deixará sem nada. Aprendamos com as experiências da região e do mundo", afirmou Qassem no seu discurso.
As declarações do clérigo surgem menos de duas semanas depois de o enviado especial dos Estados Unidos para a Síria, Thomas Barrack, ter visitado Beirute para promover uma proposta destinada a abordar os pontos ainda por resolver desde o cessar-fogo, com foco no desarmamento do Hezbollah.
O líder do movimento criticou hoje o plano norte-americano, afirmando que este exige primeiro o desarmamento do seu grupo em troca de retiradas "parciais".
Além disso, atacou o mediador de Washington por ter violado o pacto das "garantias" oferecidas em novembro.
Apoiado militar e financeiramente pelo Irão, o Hezbollah lançou uma vaga de ataques com mísseis contra Israel em outubro de 2023, depois da incursão militar do seu aliado Hamas contra território israelita.
Os ataques do Hezbollah, que se prolongaram durante um ano, obrigaram à retirada de milhares de civis de zonas de fronteira no norte de Israel.
A partir de setembro de 2024, Israel realizou uma série de ataques aéreos intensos no Líbano contra alvos do Hezbollah, e invadiu o país em outubro do mesmo ano, destruindo grande parte da capacidade militar do Hezbollah e eliminando alguns dos seus mais destacados dirigentes, antes da assinatura do cessar-fogo em novembro.
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