Num vídeo divulgado no último dia da visita aos Estados Unidos, Benjamin Netanyahu avisou que, se o Hamas não aceitar as exigências de depor as armas e abandonar a governação do território, Israel vai retomar a ofensiva militar, no final da trégua temporária de 60 dias que está a ser negociada pelas partes no Qatar.
"O Hamas depõe as armas, Gaza desmilitariza-se e o Hamas deixa de ter capacidade governamental e militar", apontou o primeiro-ministro israelita ao elencar as "condições mínimas" para um acordo.
Se o entendimento for alcançado através da negociação, "tanto melhor", prosseguiu Netanyahu. De contrário, Israel vai recorrer a outros meios, "usando a força do heroico Exército".
A proposta em discussão em Doha, com mediação de Qatar, Egito e Estados Unidos, prevê uma trégua de 60 dias, durante a qual o Hamas e Israel deverão negociar a continuação ao abrigo de um cessar-fogo permanente.
O documento deste plano estabelece que, caso as partes não cheguem a acordo no dia seguinte ao final do prazo da trégua, esta pode ser prolongada.
"Disseram-nos 'vocês não voltarão à guerra' após o primeiro acordo de cessar-fogo. Nós regressámos. Disseram-nos 'vocês não voltarão a combater' após o segundo cessar-fogo. Nós regressámos. Disseram-nos 'vocês não voltarão a lutar' após o terceiro cessar-fogo. Querem que isto continue?", questionou.
Em meados de março, Israel violou a trégua que estava em vigor e relançou a ofensiva na Faixa de Gaza, que se intensificou nas últimas semanas.
Para Netanyahu, na base do conflito, que se prolonga desde outubro de 2023, estão "milhares de combatentes armados" que persistem no enclave palestiniano.
"Preparámos e estamos finalmente a realizar a operação militar mais brilhante da nossa história, sem dúvida uma das mais brilhantes, que o mundo inteiro aguarda", acrescentou o primeiro-ministro israelita, que, durante a deslocação a Washington, se avistou duas vezes com o Presidente dos Estados Unidos, o principal aliado de Telavive.
Donald Trump disse na quarta-feira que espera um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza "esta semana ou na próxima", após se ter reunido com o primeiro-ministro israelita.
No mesmo dia, o comandante das forças armadas israelitas, Eyal Zamir, assinalou que as operações militares no território palestiniano "criaram as condições para fazer avançar um acordo".
Além da trégua, as conversações envolvem o regresso de dez reféns vivos e 18 mortos do total de detidos pelo Hamas, o reforço da ajuda humanitária à população da Faixa de Gaza e a libertação de prisioneiros palestinianos das cadeias israelitas.
O chefe do Governo israelita tem estado sob pressão dos familiares da cerca de meia centena de reféns que permanecem na Faixa de Gaza, dos quais o Exército estima que 27 estejam mortos.
"Estamos a lidar com uma organização terrorista brutal e queremos libertar todos de uma vez. Mas isso nem sempre está nas nossas mãos", observou Netanyahu no vídeo hoje divulgado.
O conflito foi desencadeado em 07 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas em solo israelita, que fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 57 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação de centenas de milhares de pessoas.
[Notícia atualizada às 20h12]
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