Num comunicado divulgado pela Presidência angolana, João Lourenço "saúda os passos dados em prol da regularização da situação na RDC, com a assinatura em Washington, no dia 27 de junho de 2025, do acordo de paz entre a República Democrática do Congo e a República do Ruanda".
O chefe de Estado manifestou ainda "a esperança de que as partes honrem os compromissos assumidos" e apelou à conclusão "de todos os aspetos pendentes do processo de resolução definitiva do conflito".
O acordo foi assinado na sexta-feira pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da RDC, Thérèse Kayikwamba Wagner, e do Ruanda, Olivier Nduhungirehe, na presença do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.
O documento, mediado pelos Estados Unidos, prevê o respeito pela integridade territorial e o fim das hostilidades no leste da RDC, onde confrontos entre o exército congolês e o grupo rebelde M23 provocaram milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados desde 2021.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, classificou a assinatura do acordo como "um grande dia para o mundo", enquanto o secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou tratar-se de "um passo importante para a desescalada, a paz e a estabilidade" na região.
A União Africana, através do presidente da sua Comissão, Mahamoud Ali Youssouf, também considerou o entendimento "um passo importante" e enalteceu os esforços em curso "para promover a paz, a estabilidade e a reconciliação na região", destacando ainda "o papel construtivo e de apoio desempenhado pelos Estados Unidos e pelo Qatar para facilitar o diálogo".
Também a União Europeia, a França e o Reino Unido saudaram o entendimento e apelaram à sua plena implementação. A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, sublinhou que o envolvimento da UA, da SADC e da Comunidade da África Oriental será determinante para o sucesso do processo.
Entre os compromissos assumidos, a RDCongo compromete-se a cessar todo o apoio às Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), um grupo rebelde composto por militantes hutus implicados no genocídio de 1994. Por seu lado, o Ruanda deverá levantar as medidas defensivas adotadas ao longo da fronteira, embora o acordo não mencione explicitamente o grupo M23, alegadamente apoiado por Kigali.
João Lourenço desempenhou, nos últimos anos, um papel ativo na mediação dos conflitos na região, tendo promovido várias cimeiras entre os dois países e impulsionado a aprovação de declarações de princípios para pôr fim à violência, sem chegar à concretização de um acordo.
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