Grupo jihadista (pouco conhecido) reivindica atentado a igreja em Damasco

Um pequeno grupo extremista sunita pouco conhecido reivindicou hoje o atentado-suicida perpetrado no domingo numa igreja em Damasco, que as autoridades sírias atribuíram ao grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI).

Several killed in suicide bombing at Damascus church

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Lusa
24/06/2025 17:21 ‧ há 6 horas por Lusa

Mundo

Síria

O atentado fez 25 mortos e dezenas de feridos, semeando o terror na comunidade cristã da Síria - que hoje sepultou várias das vítimas num ambiente marcado pela tristeza e pela ira -- e entre outras minorias do país.

 

Num comunicado divulgado na plataforma digital Telegram, o pequeno grupo Saraya Ansar al-Sunna afirmou que um dos seus membros "fez explodir a igreja de Santo Elias, no bairro de Dwelaa, em Damasco", após "uma provocação", sem fornecer mais pormenores.

As autoridades islamitas chegadas ao poder após a queda do Presidente Bashar al-Assad, em dezembro de 2024, rapidamente atribuíram o ataque ao EI e anunciaram na segunda-feira várias detenções, no âmbito de uma operação de segurança contra células afiliadas ao grupo.

Mas no seu comunicado, o Saraya Ansar al-Sunna - que tem apenas algumas centenas de seguidores no Telegram - rejeitou a versão das autoridades, classificando-a como "falsa e fabricada".

Este grupo, que surgiu após a queda de Assad, declarou: "O que está para vir não vos dará descanso (...), pois os nossos combatentes estão totalmente preparados".

Em março, houve uma altercação quando moradores locais protestaram contra a difusão de cânticos islâmicos através das colunas de som de um veículo em frente à igreja de Santo Elias.

O atentado de domingo ocorreu num contexto de violência confessional, marcado nomeadamente por massacres de membros da minoria muçulmana alauita - à qual Assad pertencia - e confrontos com combatentes drusos.

No funeral de nove das vítimas, realizado na igreja da Santa Cruz, em Damasco, o patriarca ortodoxo grego de Antioquia e de todo o Oriente, Yuhanna X, condenou um "massacre inaceitável" e criticou as autoridades, exortando-as a "assumir as suas responsabilidades".

"O crime hediondo que ocorreu na igreja de Santo Elias é o primeiro massacre na Síria desde os acontecimentos de 1860", afirmou, referindo-se aos massacres de cristãos em Damasco durante o Império Otomano.

"Não aceitamos que isso aconteça na época da revolução e sob a vossa autoridade", acrescentou, dirigindo-se ao Presidente interino sírio, Ahmad al-Sharaa.

"Ontem (segunda-feira), apresentou as suas condolências por telefone ao vigário patriarcal. Isso não é suficiente", sustentou.

O ataque reacende as preocupações sobre a capacidade do poder, dominado pelo grupo islamita Hayat Tahrir al-Cham (HTS), que derrubou o regime de Bashar al-Assad, para controlar os combatentes radicais.

O HTS, anteriormente afiliado à Al-Qaida, cortou os seus laços com a organização 'jihadista' em 2016.

Segundo Aymenn Jawad al-Tamimi, investigador e analista residente na Síria, o Saraya Ansar al-Sunna pode ser "uma cisão pró-EI resultante principalmente de desertores do HTS e de outras fações, mas que atualmente opera de forma independente do EI".

Também não exclui a possibilidade de se tratar "simplesmente de um grupo de fachada do EI".

De acordo com uma fonte interna do grupo citada por Tamimi, o Saraya será liderado por um antigo membro desiludido do HTS e terá entre os seus líderes um ex-membro do Hurras al-Din, ramo sírio da Al-Qaida, que anunciou a sua dissolução em janeiro por ordem do novo Governo.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) indica que o Saraya Ansar al-Sunna já tinha ameaçado atacar os alauitas e liderado um ataque contra essa minoria na província de Hama, no início deste ano.

O grupo é acusado de ter participado em massacres em março, que terão causado cerca de 1.700 mortes, segundo o OSDH, na maioria civis alauitas.

Leia Também: Guterres condena ataque terrorista em Damasco (que matou 25 pessoas)

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