Naquele que é o segundo discurso no parlamento alemão desde que assumiu o cargo de chanceler, Merz assumiu que, nas últimas semanas, ficou demonstrado que a Alemanha, enquanto país, "pode ultrapassar os problemas sozinho" e pode recuperar igualmente o seu poder de influência na cena internacional.
"Continuaremos a trabalhar arduamente nas próximas semanas, meses e anos para garantir que a Alemanha recupere a sua força, tanto a nível interno como externo", apontou, levando este princípio orientador para a cimeira da NATO, que hoje arranca em Haia (Países Baixos), e para o Conselho Europeu, agendado para quinta-feira em Bruxelas.
Merz centrou o discurso de hoje nos conflitos em curso no Médio Oriente e na Ucrânia, pedindo aos alemães que nunca se habituem às "atrocidades da guerra".
"Devemos aprender com estes crimes e desafios. Devemos enfrentá-los", destacou, acrescentando que as guerras são uma "nova realidade".
"Enquanto República Federal da Alemanha, enfrentamos a tarefa de representar diretamente os nossos interesses nesta nova realidade e ajudar a moldar o ambiente geopolítico em que vivemos da melhor forma possível", apontou.
"Precisamos de força e fiabilidade, interna e externamente", realçou, recebendo aplausos dos deputados.
O chanceler mencionou uma "nova determinação" que é bem recebida pelos parceiros internacionais, dando como exemplo a recente reunião do G7 no Canadá, realçando que as sete maiores nações industrializadas se mantêm unidas.
Sobre a guerra entre Israel e o Irão, iniciada pelas forças israelitas no passado dia 13 de junho, Merz enfatizou o direito de Telavive, um reconhecido aliado de Berlim, à legítima defesa.
"A nossa razão de Estado é a defesa da própria existência do Estado de Israel", ressalvou, acrescentando que o Irão "não deve possuir armas nucleares".
"Sem o Irão, o dia 07 de outubro de 2023 não teria acontecido em Israel", prosseguiu, referindo-se ao ataque conduzido pelo grupo extremista palestiniano Hamas no sul de Israel que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza.
Sobre o conflito em curso no enclave palestiniano, o chefe do Governo alemão comentou que Berlim não está a perder de vista o panorama geral.
"Permitimo-nos questionar criticamente qual o objetivo que Israel quer alcançar na Faixa de Gaza. E pedimos tratamento humano à população da Faixa de Gaza", afirmou, apelando a um cessar-fogo na região.
Sobre a cimeira da NATO, que classificou como "história", e a próxima resolução ao nível da organização para um aumento significativo das despesas com a defesa para 5% do Produto Interno Bruto (PIB), Friedrich Merz comentou: "Não estamos a fazer isto, como alguns alegaram, para fazer um favor aos Estados Unidos da América e ao seu Presidente [Donald Trump]".
"Estamos a fazê-lo porque a Rússia, em particular, está a ameaçar ativamente a segurança e liberdade de toda a região euro-atlântica", sustentou.
"Nesta situação, a Alemanha também deve assumir a responsabilidade e estamos a fazê-lo", frisou.
A Bundeswehr (as forças armadas alemãs) deverá tornar-se o "exército convencional mais forte da Europa", concluiu.
Leia Também: França, Alemanha e Reino Unido pedem contenção ao Irão