A ONU classificou hoje como "crime de guerra" o uso de alimentos como arma em Gaza, instando o exército israelita a "parar de disparar sobre as pessoas que tentam obtê-los".
"A utilização de alimentos para fins militares contra civis, além de restringir ou impedir o seu acesso a serviços vitais, constitui um crime de guerra", afirmou o gabinete de direitos humanos da ONU, em informações escritas divulgadas antes da conferência de imprensa agendada para hoje.
"O povo desesperado e faminto de Gaza continua a enfrentar a escolha desumana de morrer de fome ou correr o risco de ser morto enquanto tenta obter alimentos", lamentou a mesma fonte.
Já durante a conferência de imprensa, em Berlim, o responsável pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA) considerou que a atual distribuição de ajuda humanitária em Gaza, confiada a uma organização apoiada por Israel e pelos Estados Unidos e resultando em cenas caóticas, é "uma abominação".
"O chamado mecanismo de ajuda, criado recentemente, é uma abominação que humilha e degrada pessoas desesperadas. É uma armadilha mortal, que custa mais vidas do que salva", declarou Philippe Lazzarini.
No terreno, a Fundação Humanitária de Gaza (GHT, sigla em inglês) é apelidada de "Fundação Humilhante de Gaza", porque é isso que os residentes de Gaza sentem, acrescentou Philippe Lazzarini.
A ONU e as organizações não governamentais humanitárias recusam-se a trabalhar com a HGF, uma organização com financiamento opaco, devido a preocupações com os seus processos e neutralidade.
A Fundação Humanitária de Gaza, apoiada pelos EUA e por Israel, começou a distribuir alimentos em Gaza a 26 de maio, depois de Israel ter cortado completamente o abastecimento ao território palestiniano durante mais de dois meses, o que provocou alertas de fome em massa.
As Nações Unidas declararam em maio que "100% da população" do território cercado estava "em risco de fome".
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