O barco, pertencente à organização não-governamental Flotilha da Liberdade, foi intercetado e apresado pela Marinha israelita em águas internacionais na madrugada de segunda-feira.
Segundo o grupo de advogados palestiniano Adalah, que representa os ativistas em Israel, Rima Hassan -- eurodeputada francesa de origem palestiniana - foi transferida para a prisão de Neve Tirza e colocada em "isolamento em condições desumanas", após escrever "Palestina Livre" na parede da cela, na prisão de Givon, onde estava com os restantes sete ativistas que não aceitaram ser deportados de Israel e aguardam deportação forçada.
"Transferiram-na para uma cela pequena, sem janelas e com péssimas condições de higiene, e foi-lhe negado o acesso ao pátio da prisão", indicou o grupo Adalah.
O ativista Thiago Ávila também foi transferido para outra prisão, a de Ayalon, devido à greve de fome e sede que iniciou após ser detido pelas autoridades israelitas, explicou o grupo num comunicado.
"Também ele foi tratado de forma agressiva pelas autoridades prisionais, embora não tenham chegado a ocorrer agressões físicas", lê-se na nota, divulgada após os advogados visitarem os detidos (oito no total, uma vez que quatro dos iniciais 12 aceitaram ser deportados à chegada) e receberem informações sobre as suas condições de detenção, "incluindo as recentes medidas punitivas contra eles adotadas".
"O isolamento e a transferência para instalações prisionais separadas constituem uma grave violação dos direitos dos voluntários e uma clara tentativa de exercer pressão psicológica e política sobre eles", argumentaram os advogados.
Exigem, por isso, às autoridades israelitas que os retirem do isolamento, "cessem todas as represálias contra eles e libertem imediatamente os oito, permitindo o seu regresso ao navio para continuar a sua missão humanitária, ou facilitando o seu regresso aos seus países de origem".
Os oito detidos compareceram na terça-feira num tribunal que aprovou a sua deportação de Israel e marcou uma revisão da custódia para 08 de julho, caso a deportação não ocorra antes, explicou a equipa jurídica, criticando que o juiz tenha assim permitido "prolongar a detenção arbitrariamente, possivelmente por um mês".
Os ativistas ainda em Israel são: Suayb Ordu, da Turquia; Mark van Rennes, dos Países Baixos; Pascal Maurieras, Reva Viard, Yanis Mhamdi e Rima Hassan, de França; Thiago Avila, do Brasil; e Yasemin Acar, da Alemanha.
Os quatro que aceitaram a deportação e já deixaram o país são a ativista sueca Greta Thunberg, o ativista espanhol Sergio Toribio, transportado num voo para Barcelona, e os franceses Omar Faiad (jornalista) e Baptiste André (ativista).
Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, anunciou na rede social X que os quatro ativistas franceses serão expulsos na quinta ou na sexta-feira.
O regresso a França de Rima Hassan e de outro cidadão francês está previsto para quinta-feira à noite, e os outros dois ativistas devem chegar ao aeroporto de Roissy-Charles-De-Gaulle na sexta-feira à noite, segundo fontes aeroportuárias.
Os 12 voluntários pró-palestinianos dirigiam-se a Gaza no Madleen com ajuda humanitária para quebrar o bloqueio total imposto a 02 de março ao enclave por Israel.
Alguns mantimentos estão agora a entrar a conta-gotas e a ser distribuídos em pontos considerados "seguros" pelo Exército, que já várias vezes abriu fogo sobre civis palestinianos que tentavam obter comida, fazendo centenas de vítimas.
A 30 de maio, o Departamento das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) considerou que Gaza é atualmente o lugar mais faminto do mundo, onde "100% da população corre o risco de morrer de fome".
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