Em conferência de imprensa, David Mencer, porta-voz do gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, partiu também em defesa do trabalho da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada por Israel e Estados Unidos, na realização de uma "distribuição organizada" de ajuda, apesar do registo de vários episódios de violência.
Segundo o porta-voz, 1.200 camiões entraram no enclave palestiniano nas últimas duas semanas, o que representa a distribuição de 11 milhões de refeições aos residentes da Faixa de Gaza, sem que estas "caíssem nas mãos" do grupo islamita palestiniano Hamas.
"Isto deve-se à intervenção da fundação", afirmou, contrariando críticas das agências das Nações Unidas e de várias organizações de defesa dos direitos humanos.
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza estima que 127 habitantes do território tenham morrido em ataques das tropas israelitas perto dos pontos de distribuição de alimentos, e outros 1.287 ficaram feridos, desde que começaram a operar de forma desorganizada e sobrecarregados pelas necessidades da população.
Mencer, que insistiu que os grupos armados palestinianos estão a usar a população civil como escudo, afirmou que Israel continua as suas operações, que enquadrou como antiterroristas.
"Centenas de terroristas foram eliminados", indicou, apontando "ataques direcionados a mercados, túneis, florestas contra alvos tanto à superfície como no subsolo".
O porta-voz confirmou que Mohamed Sinwar, chefe da ala militar do Hamas, foi encontrado morto após um ataque a um túnel localizado sob o Hospital Europeu em Khan Yunis.
"A sua identidade foi confirmada. Foi um dos arquitetos do massacre de 07 de outubro. Onde estava escondido? No centro de comando subterrâneo do Hamas. E onde era isso? Era diretamente por baixo do Hospital Europeu", afirmou, referindo-se aos ataques do Hamas em solo israelita que desencadearam o atual conflito.
Este hospital "foi pago pela União Europeia", observou, reforçando "a mensagem estratégica clara" de Netanyahu de que Israel vai "perseguir todos os líderes terroristas até que seja feita justiça".
Ao mesmo tempo, alegou que Israel "está a tomar medidas para minimizar os danos para os civis, incluindo os esforços de evacuação".
No entanto, as autoridades locais controladas pelo Hamas, mas também as organizações internacionais de direitos humanos apontam para grandes quantidades de vítimas todos os dias nas operações militares israelitas e condenam que as evacuações resultam na verdade em deslocações forçadas, expondo a população a uma extrema vulnerabilidade.
Pelo menos 4.649 pessoas morreram e 14.574 ficaram feridas desde 18 de março, quando o Exército israelita rompeu o cessar-fogo acordado em janeiro com o Hamas e relançou a sua ofensiva no território, segundo dados do Ministério da Saúde do enclave.
Por sua vez, o Exército israelita confirmou que as suas tropas mataram 15 pessoas que identificou como terroristas durante as suas operações no último dia, incluindo dez na parte sul do enclave e outros cinco na parte norte, sem adiantar mais pormenores.
O conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de duas centenas de reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou quase 55 mil mortos, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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