"Desde que tomámos conhecimento do seu projeto, contra os riscos do qual os alertámos, mantivemos contacto com as autoridades israelitas para evitar qualquer incidente", afirmou também o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, numa declaração transmitida à imprensa.
O navio com ajuda humanitária Madleen, que tentava chegar a Gaza com 12 ativistas franceses, alemães, brasileiros, turcos, suecos, espanhóis e holandeses a bordo, foi desviado no domingo à noite pelas autoridades israelitas, que disseram aos passageiros para "regressar aos seus países".
"Assim que o navio foi abordado, solicitámos poder exercer a nossa proteção consular em relação a eles" e visitá-los assim que chegassem ao território israelita, "a fim de verificar a sua situação e facilitar o seu rápido regresso a França", disse Jean-Noël Barrot.
O navio, que transportava a ativista sueca Greta Thunberg e a eurodeputada franco-palestiniana Rima Hassan, partiu da Itália no dia 01 de junho para "quebrar o bloqueio israelita" em Gaza, que se encontra numa situação humanitária desastrosa após mais de um ano e meio de guerra.
Durante a noite, a organização Freedom Flotilla Coalition, que fretou o barco, anunciou que o exército israelita o tinha abordado numa "clara violação do direito internacional", insistindo que a abordagem teve lugar em águas internacionais.
"[O navio] está a dirigir-se em segurança para a costa israelita. Os passageiros devem regressar aos seus países de origem", declarou em comunicado o ministério israelita dos Negócios Estrangeiros, que publicou imagens que mostram a distribuição de sanduíches e água aos passageiros do barco, equipados com coletes salva-vidas.
Vários líderes da esquerda francesa haviam anteriormente criticado o silêncio dos líderes europeus, incluindo do presidente francês, após a intercetação do Madleen.
O líder da França Insubmissa (LFI) - partido de esquerda radical ao qual pertence Rima Hassan - Jean-Luc Mélenchon, acusou hoje Israel de fazer uma "detenção ilegal".
Por todo o país, incluindo na capital francesa, a LFI convocou para a tarde de segunda-feira várias mobilizações de apoio ao navio Madleen que transportava seis ativistas franceses.
A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque sem precedentes levado a cabo em 07 de outubro de 2023 pelo grupo islamita palestiniano Hamas em Israel, que causou a morte de 1.218 pessoas do lado israelita, na sua maioria civis, de acordo com uma contagem da agência noticiosa France-Presse baseada em dados oficiais.
Das 251 pessoas sequestradas, 55 ainda estão detidas na Faixa de Gaza, das quais pelo menos 31 mortas, segundo as autoridades israelitas.
Pelo menos 54.880 palestinianos, a maioria civis, foram mortos na campanha militar israelita de retaliação, de acordo com dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
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