Teerão continua a defender herança de paz do ayatollah Khomeini

O embaixador do Irão em Lisboa defendeu este sábado que Teerão continua, 36 anos após a morte do ayatollah Ruhollah Khomeini, em 1989, a defender o legado de paz, soberania e conhecimento promovido pelo líder da revolução islâmica de 1979.

Embaixador do Irão em Lisboa, Seyed Majid Tafreshi

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Lusa
07/06/2025 06:31 ‧ há 9 horas por Lusa

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Teerão

Numa entrevista à agência Lusa, Majid Tafreshi juntou a palavra "independência" ao legado de Khomeini, que morreu a 03 de junho de 1989, mesmo depois de "grande parte do território" iraniano ter sido perdido "durante muitas guerras, muitas hegemonias".

 

"Mas o primeiro legado é o de que poderíamos ser um país realmente independente, um país poderoso, capaz de defender o seu valor e soberania sem a ajuda de ninguém, um país soberano, afirmou o diplomata, lembrando que Khomeini, que derrubou o regime do xá Mohammad Reza Pahlavi, na altura o xá do Irão, instaurou uma república islâmica. 

"O imã Khomeini não era apenas um líder. Ele era um poeta, um filósofo, não apenas filósofo da filosofia islâmica. Era muito reconhecido. Também foi um grande escritor. Escreveu muitos livros", acrescentou Tafreshi, sublinhando que o mundo, mais concretamente o Ocidente, não apreciou o facto de o Irão ter sido penalizado com sanções "desde o primeiro dia".

"Foi um erro de cálculo que está punindo as pessoas por quererem ser independentes", argumentou o diplomata sobre o líder da autoridade xiita iraniana que, em 1979, ao derrubar o regime do xá, trouxe "identidade, soberania, conhecimento e a capacidade de o país defender a sua própria causa". 

"Quando disse 'nem Ocidente, nem Oriente', não significa que ele era contra o Ocidente ou contra o Oriente. Não, ele disse que precisamos de defender a nossa própria causa. Em 1979, a alfabetização era de 50%. Atualmente é de 95%. Ele encorajou as pessoas a entenderem-se, as mulheres a serem sensatas, deu-lhes identidade", sublinhou. 

"Uma palavra muito importante e famosa sobre as mulheres é que, a partir do abraço de uma delas, os homens podem crescer e até mesmo alcançar os céus. Quer dizer, ele dá identidade, as mulheres são a essência de uma comunidade", acrescentou, escusando-se, porém, a comentar a polémica questão do véu islâmico que tem criado grande atrito, manifestações e detenções nos últimos anos.

Tafreshi lembrou as palavras do antigo secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, que escreveu, já depois da morte de Khomeini, sobre o líder da revolução islâmica: "esse tipo de homem surge um a cada poucos séculos. Foi um grande homem e deixou uma herança muito valiosa".

O que não era esperado após a revolução islâmica de 1979 foi a invasão do Iraque, a 22 de setembro de 1980, o que desencadeou a guerra entre os dois países e que, provocando dezenas de milhar de mortos, terminaria apenas em 1988, um ano antes da morte de Khomeini, a quem sucedeu o atual ayatollah, Ali Khamenei.

Questionado pela Lusa sobre o facto de Khomeini chegar ao poder e defender todas as causas da independência e soberania e, pouco tempo depois, ser invadido pelo Iraque, Tafreshi admitiu existirem países ocidentais, como a Alemanha e os Países Baixos, que foram usados por outras forças para evitar que a independência do Irão pudesse alastrar a outros países da região. 

"É uma boa pergunta: porque um país que estava a passar por uma nova revolução e uma porque é que Saddam [Hussein] impôs uma guerra no país e que mais tarde foi considerado o ditador do século? Quem o forçou a atacar o Irão? Dizemos que, por exemplo, a Alemanha, os Países Baixos, quem lhes deu armas químicas, porque os nossos vizinhos árabes o apoiaram financeiramente? Então, esse povo não era contra Khomeini, era contra o povo do Irão que queria ser independente e essa independência poderia ser apenas seguir para outros países vizinhos", explicou. 

"Acredito que [Khomeini] na comunidade não era uma ameaça. Trabalhou muito pela unidade. O que deixou como exemplo, a unidade do Islão islâmico, como no aniversário do Profeta, cuja celebração entre sunitas e xiitas tem cinco dias de diferença, a semana de unidade", referiu.

Para o diplomata iraniano, talvez seja necessário realizar-se "uma conferência internacional, não no mundo islâmico, mas no mundo ocidental", para que melhor se compreenda a herança do imã Khomeini.

Leia Também: Irão autorizou França a visitar dois cidadãos detidos há mais de três anos

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