De acordo com um relatório difundido pela agência não-governamental, a China aprovou 11,29 gigawatts (GW) de nova capacidade de energia assente na queima de carvão no primeiro trimestre de 2025, elevando a capacidade total aprovada desde 2021 para 289 GW, o dobro dos 145 GW aprovados entre 2015 e 2020.
No entanto, 2024 registou uma queda homóloga de 41,5% nas aprovações, marcando o primeiro declínio anual desde 2021, disse Gao Yuhe, analista da Greenpeace para o Leste Asiático.
De acordo com Gao, 2025 será "um ano crucial" para que a China pare de aumentar as emissões totais do seu setor energético.
"Desde 2024, temos assistido a um ponto de viragem em que o crescimento da energia eólica e solar está a ultrapassar o do carvão. Se esta tendência se mantiver, as energias renováveis poderão cobrir toda a nova procura de eletricidade da China em 2025", apontou.
Isto levaria o setor energético chinês a atingir o pico das emissões de carbono este ano, o que representa "uma oportunidade histórica", segundo o analista.
Os dados compilados pela Greenpeace mostram que, no primeiro trimestre de 2025, a capacidade eólica e solar instalada na China atingiu 1.482 GW, ultrapassando pela primeira vez os 1.450 GW da energia térmica.
"Além disso, no primeiro trimestre de 2025, pela primeira vez, a produção de energia eólica e solar excedeu o aumento total da procura nacional de eletricidade, um marco importante na transição energética da China", afirmou.
Gao diz que "as aprovações contínuas de [usinas de] carvão representam um risco significativo" e que, desde 2021, as províncias no oeste e leste do país aceleraram as aprovações de [usinas de] carvão, colocando a China "numa encruzilhada crítica".
"A aprovação de uma nova vaga de projetos de carvão em grande escala corre o risco de gerar excesso de capacidade, ativos irrecuperáveis e custos de transição mais elevados. Isto acabará por prejudicar os progressos no sentido de um sistema de eletricidade mais limpo e mais flexível", argumentou.
Gao disse acreditar que, agora que as energias renováveis estão a fornecer uma parte crescente da rede, "a flexibilidade do sistema é o principal desafio".
"As centrais a carvão de grande escala não são adequadas para esta tarefa, uma vez que têm um crescimento lento, mantêm uma produção mínima elevada e aumentam a oferta mesmo em modo de espera. Confiar nelas para o equilíbrio a curto prazo é dispendioso, ineficiente e poluente", afirmou.
O relatório considera que a China deve "acelerar a publicação de um quadro político de alto nível para a transição do setor da energia que inclua um calendário claro para a eliminação progressiva do carvão", "elevar as metas para 2030 e aumentar o investimento em energias renováveis para substituir o carvão e apoiar o pico de emissões de carbono do setor da energia até 2025".
A organização apela ainda à criação de "mecanismos eficazes em termos de custos para adequar os recursos sem explorar excessivamente a capacidade do carvão" ou "desbloquear a flexibilidade total do sistema de produção, rede, carga e armazenamento através do aumento das energias renováveis distribuídas".
A China, o maior emissor mundial de gases com efeito de estufa, está a tentar estabelecer-se como líder global na luta contra as alterações climáticas, especialmente desde que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu retirar o seu país do Acordo de Paris de 2015.
Pequim estabeleceu o objetivo de atingir o pico das emissões de CO2 até 2030 e a neutralidade carbónica até 2060. Também se comprometeu a reduzir as emissões de CO2 por unidade do PIB em, pelo menos, 60 % até 2030, em comparação com os níveis de 2005, segundo um plano climático que apresentou em 2021.
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