"As próximas eleições parlamentares na Moldova serão um objetivo prioritário da guerra híbrida de Moscovo", afirmou a alta representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, numa conferência de imprensa ao lado do primeiro-ministro moldavo, Dorin Recean, e da comissária europeia para a Alargamento, Marta Kos.
Esse é um dos efeitos, disse Kallas, que a guerra da Rússia contra a Ucrânia tem na pequena república ex-soviética, que hoje celebrou a sua nona reunião do Conselho de Associação com a UE.
"Hoje falámos sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia, que também se estendeu repetidamente à Moldova. A Rússia violou o espaço aéreo moldavo, utilizou a energia como ferramenta de chantagem e interferiu na sua democracia", afirmou Kallas.
A ex-primeira-ministra da Estónia afirmou que o povo moldavo tem o direito de escolher o seu próprio futuro sem interferências e salientou o apoio da UE para "garantir a integridade" das eleições legislativas de setembro.
"Estamos a alargar o âmbito e a escala da missão da aliança da UE para impulsionar a resiliência da Moldova. Contamos com uma equipa especializada no terreno que apoia a Moldova na luta contra o financiamento ilícito no contexto eleitoral", explicou a chefe da diplomacia europeia, que adiantou que o bloco europeu destacou "um grupo de peritos, uma equipa híbrida de resposta rápida, para apoiar a Moldova face à ingerência estrangeira".
Em setembro, acrescentou a comissária para a Alargamento, "o povo moldavo voltará a votar pelo seu futuro".
"Neste caso, a Moldova também pode contar connosco para garantir eleições justas, proteger o seu ciberespaço, fornecer-lhes ferramentas para combater a propaganda russa e apoiar os meios de comunicação e jornalistas independentes", destacou.
Por seu lado, o primeiro-ministro moldavo afirmou que o país superou "desafios imprevistos, desde a ingerência estrangeira destinada a criar uma crise humanitária até às constantes tentativas de reduzir a desestabilização" da Moldova.
Dorin Recean assegurou que Chisinau demonstrou que a sua "opção para o futuro é a UE".
"O nosso objetivo é muito claro: concluir todas as negociações até ao final do ano", declarou.
Para tal, o Governo moldavo adotou no ano passado um programa nacional de adesão para acelerar as reformas.
Neste sentido, Kallas elogiou o "impressionante progresso da Moldova na luta contra a corrupção, o avanço das reformas judiciais e a defesa dos valores democráticos".
Um impulso renovador que hoje foi debatido "como levar ainda mais longe", assinalou a alta representante da UE.
"As reformas sustentadas continuarão a ser essenciais para manter o impulso. E o caminho é muito claro: a Moldova pertence à Europa", acrescentou, salientando que, dentro de um mês, a 04 de julho, se realizará a primeira cimeira entre a UE e a Moldova, em Chisinau.
Essa cimeira impulsionará o progresso em vários setores, desde a energia até ao digital e à educação.
Concretamente, precisou Kallas, a UE procura acelerar o acesso da Moldova aos sistemas de pagamento do clube comunitário, melhorar os serviços de telefonia móvel e iniciar avanços importantes em infraestruturas.
"A nossa relação já não é apenas simbólica. E a adesão à UE já não é apenas um sonho", afirmou, por seu lado, o primeiro-ministro moldavo, satisfeito por a adesão do seu país à UE estar a "concretizar-se" com "passos corajosos e decisivos".
Recean mostrou-se confiante de que, com o apoio europeu, será possível reduzir o fosso de desenvolvimento entre a Moldova e os países europeus.
"Precisaríamos de meio século para fazer tudo isto sozinhos e, com a ajuda da UE, conseguiremos em apenas alguns anos", afirmou.
"Estamos a avançar a um ritmo recorde de adesão", constatou a comissária para a Alargamento, que espera que o Conselho Europeu abra "o mais rapidamente possível" o primeiro capítulo ("cluster") das negociações e que outros dois já avaliados pela Comissão Europeia possam também ser iniciados "em paralelo" antes "do final do ano".
A Moldova candidatou-se à adesão à UE em março de 2022, tendo-lhe sido concedido o estatuto de país candidato em junho do mesmo ano.
Em dezembro de 2023, foi aprovado o início das negociações de adesão.
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