"Penso que este é simplesmente um erro grave do regime de Kyiv, nomeadamente a recusa categórica e grosseira de [Presidente ucraniano, Volodymyr] Zelensky em aceitar esta proposta", declarou Lavrov numa reunião governamental presidida pelo líder do Kremlin, Vladimir Putin, e transmitida pela televisão russa.
A Rússia propôs um cessar-fogo parcial "de dois a três dias em certos setores da frente de batalha" para que os comandantes possam recuperar os corpos dos seus soldados, durante a segunda ronda de conversações entre as partes que decorreu na segunda-feira em Istambul.
"Isto será agora discutido pelos nossos especialistas militares com os ucranianos", indicou o chefe dos negociadores russos, Vladimir Medinsky, explicando que em certas zonas a situação sanitária é perigosa e existe "o risco de uma epidemia", pelo que curtas tréguas permitiriam que estes corpos fossem rapidamente retirados.
Nesse sentido, disse que os russos entregarão unilateralmente 6.000 corpos de soldados e oficiais na sua posse, o que foi confirmado pela delegação de Kyiv no final da reunião.
Como resultado do encontro em Istambul, Rússia e Ucrânia acordaram também a troca de todos os prisioneiros até aos 25 anos, bem como de todos os que estão doentes ou gravemente feridos.
A Rússia divulgou entretanto a sua proposta de paz, que inclui as suas exigências maximalistas de reconhecimento internacional sobre as quatro províncias que ocupa parcialmente na Ucrânia, além da Península da Crimeia, e a retirada das tropas ucranianas destes territórios antes de assinar um cessar-fogo.
Moscovo pretende também a rejeição dos planos de Kyiv de adesão à NATO e dos seus projetos de militarização.
A Ucrânia por seu lado recusa ceder a soberania sobre aqueles territórios e exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de avançar nas conversações.
O ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, que chefiou a delegação do seu país na Turquia, pediu hoje um sinal de unidade da NATO para manter o seu apoio a Kyiv face ao que considerou ultimatos russos.
"A Ucrânia envia as suas equipas a todo o momento para negociações, mas vemos que, por enquanto, os ultimatos continuam", lamentou o ministro ucraniano, antes da reunião do Grupo de Contacto para a Ucrânia, que reúne 50 aliados militares de Kyiv.
Neste sentido, Umerov reiterou a sua gratidão para com os países que ajudam a Ucrânia no campo de batalha e expressou a sua expectativa de "anúncios positivos" dos aliados em relação a novos apoios.
"Esperamos alcançar a unidade e mostrar a nossa resiliência e um sinal de unidade mais uma vez", acrescentou o governante ucraniano, que, na véspera, já tinha pedido pressão para se alcançar uma "paz genuína e não um simulacro de negociações".
No mesmo sentido, o Presidente ucraniano referiu-se hoje igualmente a "um ultimato" de Moscovo, reiterando a proposta para um encontro tripartido de alto nível com os seus homólogos russo e norte-americano, Donald Trump, porque o atual formato negocial já "não tem sentido".
Leia Também: Kyiv e Moscovo vão trocar 500 prisioneiros de cada lado no fim de semana