Numa mensagem na rede social X, o historiador conservador e nacionalista, que ganhou no domingo a segunda volta das presidenciais na Polónia com uma curta margem sobre o presidente da Câmara de Varsóvia, o liberal europeísta Rafal Trzaskowski, indicou que procurará também a resolução de litígios históricos com a Alemanha e a Ucrânia.
Nawrocki, admirador assumido do Presidente norte-americano, Donald Trump, com quem se encontrou na Casa Branca em Washington antes das eleições, realçou "uma forte aliança com os Estados Unidos e também uma parceria baseada numa estreita colaboração".
Após a vitória do candidato independente apoiado pelo partido ultraconservador Lei e Justiça (PiS), Trump celebrou o resultado com uma publicação na sua plataforma Truth Social.
"O aliado de Trump venceu na Polónia, causando comoção por toda a Europa. Parabéns à Polónia, vocês elegeram um vencedor!", escreveu o líder da Casa Branca.
Thank you, Mr. President. Strong alliance with the USA, as well as partnership based on close cooperation are my top priorities. @POTUS pic.twitter.com/x8cjTQTsBi
— Karol Nawrocki (@NawrockiKn) June 3, 2025
Durante a sua campanha, Nawrocki criticou fortemente a União Europeia (UE) e demonstrou uma tendência para dar prioridade às relações com Washington, ao contrário do Governo europeísta liderado por Donald Tusk, que, no rescaldo da eleição, apresentou uma moção de confiança à sua coligação, que será debatida no parlamento no próximo dia 11 de junho.
Em resposta às felicitações da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, Nawrocki manifestou a sua esperança de uma "boa cooperação", salientando ao mesmo tempo que se trata de "uma comunidade de Estados independentes e soberanos".
O Presidente eleito adicionou que "a colaboração europeia deve basear-se na confiança mútua, no respeito pela soberania nacional e nos valores cristãos".
Nawrocki expressou ainda a sua gratidão pelas felicitações do Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, e manifestou o seu desejo de "trabalhar em conjunto para estabelecer boas relações de vizinhança" com Berlim, baseadas numa "base sólida de parceria e justiça histórica".
Durante a campanha, o candidato historiador defendeu que fossem realizados controlos na fronteira com a Alemanha para impedir a entrada de migrantes, que alegou estarem ser rejeitados por aquele país, e exigiu que Berlim pague reparações à Polónia pela Segunda Guerra Mundial.
Em relação à Ucrânia, Nawrocki agradeceu as felicitações do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a quem já chamou insolente e mal-agradecido, e manifestou a sua esperança de uma "cooperação contínua" entre Varsóvia e Kiev "baseada no respeito e na compreensão mútuos".
Apesar de o apoio a Kiev contra a invasão russa não ser colocado em causa pelo nacionalista conservador, nem pelo partido que o apoiou, Nawrocki assinou, após a primeira volta, um pacto com o líder da Confederação (extrema-direita), Slawomir Mentzen, para cativar os quase 15% do seu eleitorado, e que incluía a recusa da adesão da Ucrânia à NATO e do envio de militares polacos para o país vizinho.
Também defendeu a restrição dos apoios sociais dados a cerca de um milhão de refugiados ucranianos, que se somam a outro milhão de imigrantes económicos.
Na mensagem de hoje, Nawrocki salientou ainda a necessidade de "resolver questões históricas pendentes", em alusão à "Tragédia de Volhynia", e à exumação de cerca de 100 mil polacos mortos por nacionalistas ucranianos durante a Segunda Guerra Mundial.
Em simultâneo, reconheceu a Polónia como "a mais forte defensora da Ucrânia na luta contra a agressão russa".
A agenda de Karol Nawrocki inclui propostas económicas como cortes de impostos para as famílias numerosas, oposição à adoção do euro e um ceticismo muito explícito em relação a políticas da União Europeia como o Acordo Verde e o Pacto para as Migrações, além de defender uma relação de proximidade com os Estados Unidos.
Orgulhoso das suas raízes humildes em Gdansk, onde nasceu há 42 anos, Karol Nawrocki é casado e pai de dois filhos, foi diretor do Museu da Segunda Guerra Mundial na sua cidade natal, de 2017 a 2021, e mais tarde presidiu ao Instituto da Memória Nacional (IPN), tendo ganho notoriedade por liderar a remoção de monumentos associados ao período soviético, sob uma "lei de desrussificação" dos espaços públicos.
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