"Parece que alguns habitantes de Gaza tomaram um caminho diferente que, de facto, colocou em perigo alguns dos nossos soldados. E quando se sentiram ameaçados, dispararam longe do centro de distribuição contra eles", explicou a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros de Israel, Sharren Haskel, numa conferência de imprensa para a 'media' estrangeira, em Jerusalém.
Pelo menos 27 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas hoje de madrugada enquanto esperavam perto do centro de Tel al-Sultan, na cidade de Rafah, no sul do país, o único que está em funcionamento desde sexta-feira, confirmou o Comité Internacional da Cruz Vermelha.
Num comunicado, também o exército israelita reconheceu hoje que disparou a cerca de meio quilómetro do ponto de distribuição "contra vários suspeitos que avançavam em direção às tropas de forma a representar uma ameaça".
"O incidente de hoje de manhã está a ser investigado neste momento", disse Haskel, defendendo que é o Hamas que "está a tentar impedir os civis" de chegar a estes novos complexos.
Desde 27 de maio, quando começaram a funcionar três novos pontos de distribuição no enclave palestiniano geridos pela Fundação Humanitária para Gaza (GHF, na sigla em inglês), apoiada pelos Estados Unidos, pelo menos 102 pessoas morreram na sequência de tiros disparados pelas tropas israelitas enquanto esperavam perto deles para recolher comida, denunciou hoje o Hamas.
Hoje, a Defesa Civil de Gaza denunciou a morte de pelo menos 27 palestinianos quando forças israelitas dispararam sobre as pessoas que se dirigiam para um local de distribuição de ajuda humanitária, no sul da Faixa de Gaza.
Trata-se de um novo balanço das autoridades do enclave, que tinham inicialmente avançado a morte de 15 pessoas, naquele que é o terceiro incidente do género que acontece em três dias.
Todos os tiroteios nos últimos três dias ocorreram a cerca de um quilómetro de um dos locais de distribuição na cidade de Rafah, agora praticamente desabitada.
Toda a área é uma zona militar israelita, onde os jornalistas não têm acesso fora das instalações aprovadas pelo exército.
O porta-voz do Comité Internacional da Cruz Vermelha, Hisham Mhanna, disse hoje que o seu hospital de campanha em Rafah recebeu 184 feridos, 19 dos quais foram declarados mortos à chegada e outros oito morreram posteriormente devido aos ferimentos. Os 27 mortos foram transferidos para o Hospital Nasser, em Khan Yunis.
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