Novos colonatos israelitas "levam na direção errada"

O anúncio feito hoje por Israel, de um grande projeto de expansão de colonatos na Cisjordânia ocupada, "leva-nos na direção errada à solução de dois Estados", lamentou o porta-voz do secretário-geral da ONU.

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© Radin/Pacific Press/LightRocket via Getty Images

Lusa
29/05/2025 20:17 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"Nós opomo-nos a qualquer expansão da atividade de colonatos", acrescentou Stéphane Dujarric, lembrando as repetidas exigências de António Guterres para que Israel "cesse todas as atividades de colonato" nos territórios palestinianos, que são "ilegais e um obstáculo à paz".

 

"Há países e Estados-membros que têm influência sobre Israel. Há países e Estados-membros que têm influência sobre outras partes. Todos devem usar a influência que têm para pressionar as partes no sentido da solução de dois Estados", frisou o porta-voz de Guterres.

Israel anunciou hoje o estabelecimento de 22 colonatos judeus na Cisjordânia ocupada, incluindo a criação de novas comunidades e a legalização de outras já construídas sem autorização do Governo.

Mesmo antes deste anúncio, a coordenadora especial para o Processo de Paz no Médio Oriente, Sigrid Kaag, já tinha expressado preocupação sobre o futuro da solução de dois Estados (Israel e Palestina) devido à "trajetória perigosa" na Cisjordânia ocupada.

Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU na quarta-feira, Kaag descreveu "uma aceleração da anexação de facto" através da expansão dos colonatos, das apropriações de terras e da violência dos colonos. 

Se essa situação não mudar, a solução de dois Estados "será fisicamente impossível", alertou.

Israel já construiu em território ocupado mais de 100 colonatos, que abrigam cerca de 500 mil colonos. Os colonatos variam de pequenas postos no topo de colinas a comunidades totalmente desenvolvidas com blocos de apartamentos, centros comerciais, fábricas e parques públicos.

A Cisjordânia é o lar de três milhões de palestinianos, que vivem sob o domínio militar israelita, com a Autoridade Palestiniana, apoiada pelo Ocidente, a administrar os centros populacionais.

Os colonos têm cidadania israelita.

Israel acelerou a construção de colonatos nos últimos anos, mesmo antes do ataque do movimento islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 ter desencadeado a guerra na Faixa de Gaza.

Os palestinianos consideram a expansão dos colonatos um dos principais obstáculos à resolução do conflito israelo-palestiniano, e a maior parte da comunidade internacional considera esta política israelita ilegal.

Além da situação na Cisjordânia, Israel impediu que agências da ONU distribuíssem ajuda humanitária em Gaza nos últimos três dias, denunciou também hoje Stéphane Dujarric.

Um total de 600 camiões cheios de ajuda estão presos no lado palestiniano da passagem de Kerem Shalom e não podem sair dos armazéns devido à insegurança, enquanto a ONU está em constantes discussões com os israelitas para facilitar a recolha do material, embora sem sucesso.

"Mais camiões poderiam chegar à área de recolha, mas não temos as autorizações necessárias para descarregá-los (...). Francamente, não nos estão a facilitar a entrega da ajuda humanitária", insistiu.

Questionado sobre o motivo exato dado pelos israelitas para negar as autorizações da ONU, Dujarric disse que isso deveria ser perguntado ao Governo de Israel, mas observou que o mesmo executivo vem impedindo jornalistas estrangeiros de entrarem em Gaza há quase 20 meses para documentar o que está realmente a acontecer no enclave.

Os obstáculos administrativos e processuais já foram denunciados nos últimos dias por Dujarric e ocorrem num momento de confronto entre Israel e a ONU sobre o mecanismo a ser usado para distribuir ajuda humanitária, já que Israel autorizou uma distribuição de auxílio à margem da ONU, que gerou o caos.

A situação de desespero da população de Gaza levou a um ataque espontâneo a um armazém do Programa Alimentar Mundial em Deir al-Bala na quarta-feira, que, segundo a ONU, deixou dois mortos e vários feridos nos tumultos que se seguiram.

O conflito atual que opõe Hamas e Israel foi desencadeado pelos ataques liderados pelo grupo extremista palestiniano em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de duas centenas de reféns.

Israel lançou em retaliação uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 54 mil mortos, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Leia Também: "Apelamos à ONU". Hamas condena aprovação de colonatos na Cisjordânia

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