Parlamento espanhol aprova duas comissões de inquérito ao apagão

O parlamento de Espanha aprovou esta quarta-feira a constituição de duas comissões de inquérito ao apagão elétrico de 28 de abril na Península Ibérica, por falta de entendimento entre os dois maiores partidos para que avançasse uma única proposta.

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Lusa
28/05/2025 17:50 ‧ ontem por Lusa

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Apagão

Uma das comissões foi proposta pelo Partido Popular (PP, direita) e teve 180 votos a favor, enquanto a outra iniciativa, aprovada por 175 deputados, foi dos dois partidos de esquerda que estão na coligação do Governo, Socialista (PSOE) e Somar.

 

Partidos como o Juntos pela Catalunha (independentistas de direita) e Podemos (extrema-esquerda) votaram a favor das duas propostas.

Após a aprovação das iniciativas, segue-se o processo de constituição das comissões, com a imprensa espanhola a recuperar casos semelhantes anteriores em que, nessa fase posterior, acabou por formar-se apenas uma comissão, por algum tipo de entendimento entre os partidos.

No entanto, no debate parlamentar de hoje, que precedeu a votação das duas propostas, PP e PSOE trocaram várias acusações e assumiram que haverá duas comissões.

A deputada do PSOE Cristina Narbona, presidente do partido e ex-ministra do Ambiente, sublinhou que o parlamento espanhol viveu hoje um episódio "bastante inédito" com a discussão de duas propostas para serem criadas duas comissões sobre o mesmo tema e com a alta probabilidade de serem chamadas as mesmas pessoas e entidades a ambas.

A deputada socialista questionou o sentido de haver duas comissões e acusou o PP de não querer "efetivamente conhecer a verdade, saber que responsabilidades poderão existir ou ouvir peritos".

"Pelo que ouvi no debate de hoje, não precisam de uma comissão de inquérito, têm claro desde o primeiro minuto que a culpa foi da política energética irresponsável, suicida, fundamentalista do Governo de Pedro Sánchez. Se já sabem por que aconteceu, para que querem uma comissão de inquérito?", questionou Cristina Narbona.

Na intervenção anterior, o deputado do PP Mariscal Anaya considerou que uma "política suicida" do atual governo liderado pelo socialista Pedro Sánchez "gerou as condições que levaram ao apagão" e, agora, o PSOE e o Somar "querem controlar" a comissão de inquérito no parlamento.

"Os espanhóis querem e devem saber a verdade. O que se fez mal, o que não se fez para evitar [o apagão], qual a cadeia de decisões durante a crise, se houve informação fidedigna à população", disse o deputado do PP, que reiterou acusações de "fundamentalismo ideológico" ao Governo, por querer apresentar sucessivos "recordes de geração de energia renovável", sem ouvir alegados alertas sobre a instabilidade que provoca no sistema elétrico, ao mesmo tempo que "demonizou as centrais nucleares", estabelecendo um calendário de encerramento de todos os reatores.

As nucleares, como outras fontes de geração de energia não renovável, "são indispensáveis para absorver as flutuações na rede de transporte", disse o deputado.

Mariscal Anaya acusou a atual vice-presidente da Comissão Europeia Teresa Ribera, ex-ministra com a tutela da Energia no Governo de Espanha, de ser "a autora intelectual" do que considerou ser "o desastre" do sistema elétrico espanhol e disse que o PP a chamará à comissão de inquérito.

O objeto das duas comissões é muito semelhante e ambas pretendem averiguar o que ocorreu em 28 de abril, assim como retirar conclusões que permitam apurar eventuais responsabilidade e adotar medidas para que não se repita um apagão como o que afetou a Península Ibérica naquele dia.

O apagão ocorreu às 11:33 (hora de Lisboa) de 28 de abril e teve origem em território espanhol.

Um mês depois, Espanha continua a investigar o apagão e revelou que houve três falhas no sistema elétrico segundos antes do corte de energia, mas não há explicação para o ocorrido.

O debate político em Espanha em torno do apagão tem-se centrado no cada vez maior peso das renováveis na produção de energia, com a oposição de direita a criticar o Governo de esquerda pela intenção de fechar as centrais nucleares.

A oposição tem também acusado o Governo de ignorar alertas de operadores para a instabilidade que causam grandes quantidades de renováveis no sistema.

O executivo tem dito que o consumo de eletricidade era relativamente baixo no momento do apagão, que o peso das renováveis era semelhante ao de dias anteriores e que a rede elétrica está preparada para responder às oscilações.

Leia Também: Apagão? Sánchez diz a Von der Leyen necessidade de mais ligações

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