Em comunicado, o gabinete do chefe do Governo indicou que o acervo recuperado "educará gerações" e expressa "o incansável compromisso com o regresso de todas as pessoas desaparecidas", prisioneiros de guerra e reféns.
"Vamos continuar a trabalhar para localizar e devolver todos os desaparecidos, os mortos e os sequestrados", destacou o responsável da Mossad, David Barnea, numa alusão aos reféns em posse do grupo islamita palestiniano Hamas desde o seu ataque em 07 de outubro de 2023, que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza.
Entre os itens recuperados pelo serviço israelita de informações externas estão cartas escritas à mão por Cohen à sua família, provas de comunicações entre o espião e altos funcionários sírios, e fotos captadas durante os anos que passou dissimulado no país árabe.
A coleção inclui ainda vários pertences pessoais do espião, incluindo as chaves do seu apartamento em Damasco, que foram confiscadas pelos serviços de informações sírios após a sua detenção.
O testamento original de Cohen, escrito poucas horas antes da sua execução por enforcamento, foi também recuperado.
Estes milhares de objetos compõem todo o arquivo sírio sobre Eli Cohen, segundo o gabinete do primeiro-ministro israelita, no anúncio que coincide com o 60.º aniversário da execução de Cohen.
O espião israelita infiltrou-se nos mais altos escalões da política síria nos anos que antecederam a Guerra dos Seis Dias em 1967.
Foi julgado pelo Governo sírio por espionagem e executado em 18 de maio de 1965.
Interpretado pelo ator britânico Sacha Baron Cohen na série "The Spy", Eli Cohen é visto como um herói em Israel.
"É uma lenda. Com o passar do tempo, emergiu como o maior agente secreto da história do país, cujo heroísmo e ações contribuíram para a vitória histórica na Guerra dos Seis Dias", comentou Netanyahu no comunicado.
Sessenta anos após o seu enforcamento, Israel ainda procura recuperar os restos mortais do seu espião, cujo paradeiro continua a ser alvo de vários rumores.
No verão de 2018, os serviços de informação israelitas confirmaram que tinham recuperado o seu relógio num "país inimigo".
Na semana passada, Israel anunciou que tinha repatriado, durante uma "operação especial" realizada no coração da Síria, o corpo de um dos seus soldados mortos no Líbano em 1982.
Desde a queda do Presidente sírio, Bashar al-Assad, deposto em 08 de dezembro passado por uma coligação de rebeldes, Israel tem levado a cabo centenas de ataques em território sírio visando instalações militares e mantém forças terrestres no sul do país vizinho.
Israel alega que pretende impedir que o arsenal do anterior regime caia nas mãos das novas autoridades dominadas por grupos islamitas.
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