Delegação de Kyiv está pronta para negociar, mas duvida de Moscovo

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou hoje que a delegação de Kyiv está mandatada para negociar um cessar-fogo com a Rússia em Istambul, apesar da ausência do homólogo russo, Vladimir Putin, e de duvidar da seriedade de Moscovo.

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Lusa
15/05/2025 16:30 ‧ há 5 horas por Lusa

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Ucrânia

Em conferência de imprensa após um encontro com o homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, o Presidente ucraniano disse que está pronto para "negociações diretas" com o líder do Kremlin (presidência russa), que não viajou para a Turquia, mas lamentou que "infelizmente, [os russos] não estão a levar as negociações suficientemente a sério".

 

Volodymyr Zelensky destacou que os membros da delegação ucraniana em Istambul "terão um mandato para um cessar-fogo" e esta será "liderada pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov".

O líder ucraniano indicou ainda que as conversações de paz entre Kyiv e Moscovo poderão ser realizadas hoje à noite em Istambul, ou adiadas para sexta-feira, após mais um dia de incerteza sobre o seu formato.

"Anunciarei algo concreto: a que horas os grupos se reúnem hoje ou a que horas os grupos se reúnem amanhã [sexta-feira]", afirmou.

Segundo Zelensky, o objetivo da delegação ucraniana é alcançar um cessar-fogo de pelo menos 30 dias, que Kyiv tem vindo a exigir há semanas, como ponto de partida para começar a negociar o fim da guerra.

"Essa é a prioridade. A Rússia continua a encarar todas estas reuniões com ligeireza", insistiu, acusando Moscovo de "não ter qualquer intenção de pôr fim à guerra" e deixando o desafio aos representantes russos para que "provem alguma coisa durante esta reunião".

Para o Presidente ucraniano, "se for possível alcançar um cessar-fogo incondicional hoje ao nível das equipas técnicas, sem a presença dos líderes, não há problema".

A partir deste ponto, reafirmou que não reconhecerá a Crimeia ou qualquer outro território ocupado como russo, observando que Erdogan apoia a integridade territorial da Ucrânia, incluindo a península anexada por Moscovo em 2014.

A Rússia anunciou na quarta-feira à noite a composição da delegação, que não inclui Putin, nem sequer o chefe da diplomacia de Moscovo, Serguei Lavrov, ou o conselheiro presidencial para as relações internacionais, Yuri Ushakov.

A delegação é chefiada pelo conselheiro presidencial Vladimir Medinsky, e integra os vice-ministros dos Negócios Estrangeiros Mikhail Galuzin e da Defesa Alexandr Fomin, além de uma série de peritos.

Anteriormente, Zelensky considerou a delegação russa enviada a Istambul uma farsa, mas agradeceu a Erdogan por organizar o que considerou ser uma "oportunidade para negociações diretas".

Hoje disse ainda que a atitude do líder russo é "desrespeitosa" em relação a Erdogan e ao Presidente norte-americano, Donald Trump, e à equipa que enviou à Turquia para mediar as negociações, liderada pelo secretário de Estado, Marco Rubio, que estava em solo turco para participar num encontro informal dos chefes da diplomacia dos países da NATO.

"Não houve reunião. Não houve ordem de trabalhos. Não houve delegação de alto nível. É uma falta de respeito pessoal", declarou o Presidente ucraniano.

Zelensky sublinhou que, além, dele próprio, o chefe do Estado-Maior, os ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros e os chefes dos serviços secretos viajaram de Kyiv para a Turquia e explicou que não enviou toda a equipa de Ancara para Istambul, porque a delegação russa não estava ao mesmo nível.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo retribuiu hoje as acusações, considerando o líder ucraniano "patético" por exigir a presença de Putin na Turquia.

Lavrov comentou que também que "há muitos sinais de que nem Berlim, nem Paris, nem Bruxelas, e certamente nem Londres, querem a paz para a Ucrânia", referindo-se aos principais aliados de Kyiv.

O chefe da delegação russa disse, por seu lado, que as novas negociações com a Ucrânia devem ser uma continuação das conversações bilaterais que falharam em 2022, logo após o início da invasão russa, nas quais ele também participou.

"Vemos estas negociações como uma continuação do processo de paz de Istambul" de há três anos, comentou Vladimir Medinsky aos jornalistas, indicando que a delegação russa estava "pronta para conduzir discussões construtivas, procurar possíveis soluções e pontos de convergência".

Moscovo e Kyiv culparam-se mutuamente pelo fracasso das primeiras conversações de paz realizadas na primavera de 2022 na Bielorrússia e depois na Turquia.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

[Notícia atualizada às 17h29]

Leia Também: Chefes da diplomacia da NATO criticam ausência de Putin na Turquia

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