"Foi uma boa oportunidade para pedir uma explicação ao Governo russo (...) enquanto a Malásia continua a procurar justiça através de um processo independente e justo, com a cooperação de todas as partes", disse Anwar Ibrahim.
A mensagem, publicada na quarta-feira à noite na rede social X, surgiu após um encontro entre os dois chefes de Governo, em Moscovo.
A visita de quatro dias do primeiro-ministro da Malásia à Rússia começou na terça-feira, um dia depois da agência das Nações Unidas para a aviação civil, ICAO, ter decidido segunda-feira que a Rússia é responsável pela queda do voo MH17.
Em 17 de julho de 2014, o Boeing 777 que voava de Amesterdão para Kuala Lumpur foi abatido na Ucrânia por um míssil terra-ar BUK de fabrico russo sobre território detido por separatistas pró-russos.
Todos os 298 passageiros e tripulantes morreram, incluindo 196 neerlandeses, 43 malaios e 38 australianos.
"Putin ouviu atentamente e expressou a sua solidariedade e condolências às famílias das vítimas", acrescentou Anwar, num vídeo publicado nas redes sociais com declarações aos meios de comunicação social, após o encontro com o Presidente russo.
Pertemuan saya dengan Presiden Rusia, Vladimir Putin di Kremlin semalam berlangsung dalam suasana yang cukup bermakna membabitkan dua negara yang terus mencari titik temu demi masa depan yang lebih aman dan makmur.
— Anwar Ibrahim (@anwaribrahim) May 15, 2025
Saya suarakan penghargaan atas layanan yang sangat baik… pic.twitter.com/GGJgAHZTC8
O líder malaio disse que Putin respondeu que a Rússia está disposta a cooperar com investigações, desde que sejam independentes e "não politizadas".
Na terça-feira, Dmitri Peskov, porta-voz da Presidência russa, disse que a Rússia não participou no inquérito da ICAO sobre o incidente e que, por isso, não aceita conclusões tendenciosas.
Anwar, que viaja hoje para a cidade russa de Kazan (sudoeste), declarou que a Malásia "mantém-se firme no seu compromisso de garantir a responsabilização e uma resolução justa para as vítimas".
Por outro lado, o primeiro-ministro sublinhou a importância da cooperação com a Rússia, a que chamou "grande amiga da Malásia", em setores como a defesa, tecnologia alimentar e energia nuclear.
Em 2022, os tribunais holandeses condenaram três homens a prisão perpétua pelo seu papel na queda do voo da Malaysia Airlines, incluindo dois russos, mas Moscovo sempre se recusou a extraditar quaisquer suspeitos e negou qualquer envolvimento no incidente.
"Apelamos à Rússia para que aceite finalmente a responsabilidade por este horrível ato de violência e corrija a sua conduta flagrante, como exigido pelo direito internacional", declarou o Governo australiano, num comunicado, após o anúncio da ICAO.
Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros dos Países Baixos, Caspar Veldkamp, congratulou-se com a decisão do organismo das Nações Unidas, afirmando que esta não pode "apagar a dor e o sofrimento" dos familiares das vítimas, mas é "um passo importante para a verdade e a justiça".
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