"As crianças enfrentam crises sem precedentes (...), os cortes na ajuda global estão a desencadear uma emergência infantil aqui em Moçambique", explicou aquela agência das Nações Unidas, em comunicado.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para Infância, as crianças moçambicanas enfrentam "crises sem precedentes", situação que poderá piorar nos próximos tempos com o corte de financiamento.
"A Unicef prevê uma queda de 20% no financiamento em 2026, ameaçando programas críticos para a sobrevivência, proteção e educação das crianças", refere.
Para a Unicef, este corte significa menos vacinas, água potável, tratamento para as crianças que sofrem de desnutrição, além de interrupções na aprendizagem das crianças mais vulneráveis.
"Não podemos recuar e deixar elas enfrentarem estas crises sozinhas (...) é preciso agir antes que mais crianças sejam deixadas para trás", acrescenta.
Em comunicado também emitido hoje, em Lisboa, a Unicef Portugal lançou "um apelo urgente a donativos para apoiar as operações de emergência em Moçambique e garantir um futuro para estas crianças e as suas famílias".
"Moçambique enfrenta uma crise humanitária sem precedentes, provocada por uma combinação devastadora de violência armada, pobreza estrutural, desastres naturais extremos e emergências de saúde pública. Esta policrise está a afetar gravemente as crianças: estima-se que 4,8 milhões de pessoas precisem de ajuda humanitária, incluindo 3,4 milhões de crianças", lê-se na nota.
No final de janeiro, o Presidente norte-americano, Donald Trump, deu ordem para congelar a ajuda externa do seu país, canalizada principalmente através da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que apoia vários programas nesta área, incluindo em Moçambique.
A decisão provocou o pânico entre as organizações humanitárias de todo o mundo que dependem dos contratos dos EUA para continuarem a funcionar.
Em Moçambique, a decisão afetou principalmente programas de saúde, com destaque para a mitigação do HIV/Sida.
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