"Devo agradecer (...) ao Presidente Donald Trump (...) por este ato de justiça humana, um ato profundamente humano. Houve e haverá divergências", disse o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, no palácio presidencial, na presença do seu filho, que tinha denunciado a situação, agravando as tensões com Washington, com quem as relações diplomáticas estão cortadas desde 2019.
A criança, Maikelys Espinoza, chegou a um aeroporto nos arredores da capital, Caracas, juntamente com mais de 220 migrantes deportados.
Imagens transmitidas pela televisão estatal mostraram a primeira-dama da Venezuela, Cilia Flores, carregando Maikelys no aeroporto, onde também estava o ministro do Interior, Diosdado Cabello, que classificou a chegada da menor como "uma grande vitória".
Mais tarde, Flores entregou a menina à mãe, que a aguardava no palácio presidencial ao lado do Presidente, Nicolás Maduro.
"Aqui está a menininha querida de todos. Ela é filha e neta de todos nós", disse o líder venezuelano.
No final de abril, Caracas descreveu a separação da menina da sua mãe como um "sequestro", enquanto o Departamento de Segurança Interna (DHS) dos EUA alegou que agiu para "proteger" a criança de pais "criminosos", alegadamente membros do gangue venezuelano Tren de Aragua, que Donald Trump designou como organização terrorista.
O DHS, afirmando estar a defender a "segurança e bem-estar" da menina, anunciou que a criança iria ser colocada num lar adotivo nos Estados Unidos.
A mãe da menina foi deportada para a Venezuela em 25 de abril, enquanto Caracas afirma que o pai, Maiker Espinoza Escalona, está entre os cerca de 250 migrantes deportados dos Estados Unidos para o Centro de Contenção do Terrorismo (Cecot), uma prisão de alta segurança em El Salvador.
Segundo o DHS, a mãe da menor, Yorely Bernal Inciarte, "supervisiona o recrutamento de mulheres jovens para o tráfico de drogas e prostituição", e o pai é um "tenente" do Tren de Aragua e "supervisiona homicídios, tráfico de drogas, sequestros, extorsão e tráfico sexual".
A mulher negou as acusações, numa entrevista divulgada pelo Ministério Público venezuelano. A jovem disse que foi separada da filha e do companheiro ao chegar aos Estados Unidos em 2024 e que, desde então, se comunicava com eles através de chamadas de vídeo.
Durante anos, o Governo de Maduro recusou a entrada de imigrantes deportados dos EUA.
Mas, desde que Trump assumiu o cargo no início deste ano, centenas de migrantes venezuelanos, incluindo cerca de 180 que passaram até 16 dias na base naval norte-americana na Baía de Guantánamo, em Cuba, foram deportados para o seu país de origem.
A administração Trump invocou que os venezuelanos enviados para Guantánamo e El Salvador são membros do Tren de Aragua, mas apresentou poucas evidências para sustentar a alegação.
Leia Também: Administração Trump pede ao Supremo que permita deportação de 200 venezuelanos