"Estamos a seguir e continuaremos a seguir de perto a evolução desta situação", sublinhou Christophe Lemoine, sublinhando que Daoud é "um autor reconhecido e respeitado" e que a França está empenhada na liberdade de expressão.
Em novembro passado, um tribunal argelino aceitou uma primeira queixa contra o escritor e a sua mulher, psiquiatra, por terem revelado e utilizado a história de um paciente na escrita do seu romance "Houris", que ganhou o Prix Goncourt 2024, o mais prestigiado prémio da literatura francesa.
Na ocasião foram interpostos dois recursos contra Daoud e a sua mulher, que trataram Saada Arbane, uma sobrevivente de um massacre durante a década negra da guerra civil na Argélia (1992-2002), em que morreram mais de 200.000 pessoas.
Saada Arbane apresentou uma queixa acusando-os de utilizarem a sua história sem o seu consentimento, enquanto a Organização Nacional das Vítimas do Terrorismo apresentou outra queixa.
A emissão de um mandado de captura faz parte do procedimento habitual previsto no código de processo penal argelino.
"Se o arguido for um fugitivo ou residir fora do território da República", o juiz de instrução pode emitir um mandado de captura internacional, de acordo com a lei que rege estes casos.
Daoud foi também levado a tribunal em França por violação da vida privada por parte de Saada Arbane.
Uma primeira audiência processual está marcada para hoje à tarde no Tribunal Judicial de Paris.
Em meados de dezembro, Daoud declarou à rádio pública France Inter que a história era "pública" na Argélia e que o seu romance "não conta a história da vida" de Saada Arbane.
A sua editora, Gallimard, denunciou as "violentas campanhas difamatórias orquestradas [contra o escritor] por certos meios de comunicação social próximos de um regime cuja natureza é bem conhecida".
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