Forças destacadas para conter violência nos arredores de Damasco

As forças de segurança sírias foram destacadas para "restaurar a ordem" nos arredores de Damasco, onde confrontos com a minoria drusa causaram pelo menos 22 mortos na última noite, disseram esta quarta-feira as autoridades.

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© OMAR HAJ KADOUR/AFP via Getty Images

Lusa
30/04/2025 20:56 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

Síria

Segundo a agência de notícias oficial síria Sana, o diretor de segurança dos subúrbios de Damasco, Hussam al-Tahhane, anunciou "o fim da operação de segurança" na zona de Sahnaya, a 15 quilómetros a sudoeste da capital, e "o envio de forças de segurança para repor a ordem".

 

Confrontos entre grupos armados ligados ao novo regime sírio, de inspiração islamita sunita, e combatentes drusos fizeram 22 mortos em Sahnaya, um dia depois do registo de violência em Jaramana, outro subúrbio predominantemente druso da capital.

O Ministério do Interior avisou que as autoridades responderão "com mão de ferro àqueles que procurem minar a estabilidade da Síria", de acordo com a Sana, e responsabilizou "grupos desonestos" por ataques a postos de segurança e de controlo perto de Sahnaya.

Os conflitos sectários, que começaram na noite de segunda-feira, fizeram cerca de 40 mortos em dois dias.

O enviado especial da ONU para a Síria disse estar "profundamente preocupado" com a nova vaga de violência, que considerou inaceitável, e pediu a interrupção imediata dos ataques das forças de Israel, que partiram em apoio dos drusos.

Em comunicado, Geir O. Pedersen alertou para "o potencial de nova escalada de uma situação extremamente frágil".

Pedersen pediu "medidas imediatas para garantir a proteção dos civis, restaurar a calma e evitar o incitamento de tensões comunitárias", bem como a responsabilização dos autores e ainda o respeito pela soberania da Síria.

Na noite de terça-feira foi alcançado um acordo entre representantes do Governo sírio e líderes drusos em Jaramana para pôr fim aos confrontos.

A agência de notícias France Presse (AFP) descreveu que o ataque neste subúrbio foi realizado por grupos próximos do Governo depois de ter circulado nas redes sociais uma mensagem áudio atribuída a um druso e considerada blasfema contra o profeta Maomé.

A AFP não conseguiu verificar a autenticidade da mensagem e os líderes espirituais da minoria drusa condenaram qualquer ataque ao profeta.

A nova vaga de violência reacendeu o espetro de confrontos sectários, após os massacres em março que tiveram como alvo a minoria muçulmana alauita, um ramo dos xiitas a que pertencia o ex-presidente sírio Bashar al-Assad, derrubado em dezembro por uma coligação de rebeldes islamitas, agora no poder.

Estes confrontos resultaram na morte de mais de 1.700 pessoas, na maioria alauitas civis.

O Governo israelita anunciou que o Exército efetuou um ataque na Síria contra uma organização que considera extremista e que supostamente se preparava para agredir a população de origem drusa.

O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e pelo ministro da Defesa, Israel Katz, frisando que o ataque pretendeu enviar uma "mensagem firme" às autoridades de Damasco no sentido de tomarem medidas de proteção da comunidade drusa residente no país. 

O Governo especificou que o Exército israelita efetuou o que chamou "ação de alerta" contra um grupo extremista que se preparava para atacar a população drusa em Sahnaya.

O grupo extremista não foi identificado. 

O grande mufti sírio, Osama al-Rifai, alertou para o risco da propagação dos conflitos religiosos no país, no seguimento da nova vaga de violência, agora envolvendo a comunidade drusa.

"Irmãos sírios, cuidado com a discórdia, porque sabemos como começa, mas ninguém sabe como acaba", avisou a mais alta autoridade religiosa síria através da página oficial na rede social Facebook.

O clérigo, perseguido pelo antigo regime, foi indicado como grande mufti em março passado pelo atual Presidente interino, Ahmed al-Charaa, depois de Assad ter abolido o cargo em 2021, no âmbito das ações de repressão à oposição síria.

As comunidades da minoria de origem drusa, um grupo religioso árabe que nasceu do islamismo mas não se identifica como muçulmano, encontram-se em Israel, Líbano, Síria e Jordânia. 

Estima-se que existam um a dois milhões de drusos no mundo, com a maior comunidade fixada na Síria.

Leia Também: Grande mufti alerta para propagação dos conflitos religiosos na Síria

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