O chefe do executivo de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, disse, em comunicado, que Raymond Siu "entrou hoje em licença de pré-reforma, depois de servir o Corpo de Polícia de Hong Kong durante 36 anos".
O comissário "demonstrou uma dedicação e determinação inabaláveis para proteger Hong Kong e defender o Estado de Direito ao lidar com a agitação social", disse John Lee, numa referência às enormes manifestações antigovernamentais, por vezes violentas, de 2019.
O anúncio surge dois dias depois dos Estados Unidos terem imposto sanções ao chefe da polícia e a cinco dirigentes públicos de Hong Kong, incluindo o secretário para a Justiça, Paul Lam Ting-Kwok, ao abrigo de uma lei norte-americana que defende a democracia na região chinesa.
Na terça-feira, Hong Kong condenou a imposição de sanções e acusou Washington de tentar "intimidar os dirigentes encarregados de protegerem a segurança nacional" da China.
"Isto expôs claramente a barbárie dos EUA (...) exatamente a mesma que as recentes táticas de intimidação e coação de vários países e regiões", disse o Governo da região administrativa especial chinesa.
O chefe do executivo de Hong Kong encontrava-se já sujeito a sanções dos EUA, mas as autoridades da cidade garantiram que "não se deixam intimidar por este comportamento desprezível".
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, disse que as sanções "demonstram o empenho da administração [do Presidente Donald] Trump em responsabilizar aqueles que privam os residentes de Hong Kong dos direitos e liberdades protegidos ou que cometem atos de repressão transnacional em solo americano ou contra pessoas americanas".
As autoridades de Hong Kong indicaram ainda que o Governo Central chinês aprovou a nomeação de Joe Chow Yat-ming, até agora comissário adjunto, para liderar a polícia do território.
John Lee salientou que Joe Chow, de 52 anos, tem "uma vasta experiência em investigação criminal, recolha de informações, formulação de políticas, bem como gestão de pessoal".
De acordo com a imprensa de Hong Kong, hoje, na primeira conferência como novo comissário, Chow apontou a segurança nacional como a prioridade, face ao que chamou de "correntes ocultas" de resistência ao atual regime.
O dirigente criticou as sanções contra Raymond Siu como um ato de intimidação e defendeu serem um reflexo do êxito dos esforços da polícia de Hong Kong para capturar fugitivos à justiça.
Pequim impôs em 2020 a Hong Kong a Lei da Segurança Nacional, que levou ao fim da dissidência política, um ano depois de maior vaga de protestos desde a transição de administração da antiga colónia britânica, em 1997.
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