Manifestação em Ancara reprimida com violência pela polícia turca

Uma manifestação em Ancara, capital da Turquia, contra a detenção do principal rival do Presidente foi reprimida na madrugada de quinta-feira pela polícia com gás pimenta, balas de borracha e canhões de água, segundo a imprensa local.

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© KEMAL ASLAN/AFP via Getty Images

Lusa
28/03/2025 00:14 ‧ 28/03/2025 por Lusa

Mundo

Turquia

Os manifestantes estudantis, de acordo com a emissora pró-oposição Halk TV e a imprensa local, tentaram fazer uma marcha pela cidade e reuniram-se para ler uma declaração junto aos portões da Universidade Técnica do Médio Oriente.

 

As forças de segurança acorreram ao local e usaram gás pimenta, balas de borracha e canhões de água, levando os estudantes a esconderem-se atrás de uma barricada de contentores do lixo, até que a polícia carregou para os deter, segundo as mesmas fontes.

O presidente da câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, foi detido na quarta-feira da semana passada sob a acusação de corrupção e ligações terroristas, tendo ficado em prisão preventiva no dia anterior.

Na véspera, a Universidade de Istambul anulou o seu diploma universitário, uma condição para a sua candidatura presidencial.

Apresenta-se como o principal rival do Presidente Recep Tayyip Erdogan nas eleições presidenciais de 2028, mas que poderão vir a realizar-se mais cedo, e a sua detenção foi amplamente vista como politicamente motivada, desencadeando manifestações, algumas delas violentas, por todo o país.

Mehmet Pehlivan, advogado que representou o presidente da câmara de Istambul em vários processos e na sequência da sua detenção, foi detido na quinta-feira, de acordo com uma publicação na conta de Imamoglu nas redes sociais, qualificando os motivos da detenção de "fictícios".

"Como se o golpe contra a democracia não fosse suficiente, não toleram que as vítimas desse golpe se defendam. Querem juntar um golpe legal ao golpe contra a democracia. O mal que um punhado de pessoas incompetentes está a infligir ao nosso país está a crescer. Libertem o meu advogado imediatamente", refere a publicação na conta de Imamoglu.

O ministro do Interior, Ali Yerkikaya, disse na quinta-feira que cerca de 1.900 pessoas foram presas durante oito dias de protestos em massa em todo o país.

Dos detidos, 260 estão a aguardar julgamento, 468 foram libertados sob controlo judicial enquanto os seus processos prosseguem e estão em curso processos contra os restantes.

O ministro acrescentou que 150 agentes da polícia ficaram feridos nos protestos.

As manifestações que envolveram centenas de milhares de manifestantes, em grande parte pacíficos, percorreram as principais cidades, incluindo comícios organizados pela oposição em frente à Câmara Municipal de Istambul.

Nos últimos dias, realizaram-se outros grandes protestos nos distritos de Kadikoy e Sisli, em Istambul.

A polícia utilizou canhões de água, gás lacrimogéneo, balas de borracha e gás pimenta para dispersar as manifestações proibidas em Istambul, Ancara e Izmir.

Na manhã de quinta-feira continuaram rusgas policiais domiciliárias a manifestantes, segundo a agência AP.

Onze jornalistas foram presos na quarta-feira depois de terem feito a cobertura dos protestos, dos quais oito foram libertados sob controlo judicial, segundo a Associação de Estudos de Comunicação Social e Direito, mas ainda enfrentam acusações relacionadas com os protestos.

Entretanto, a autoridade turca para a radiodifusão decretou uma proibição de 10 dias para o canal Sozcu TV, que apoia a oposição, sob acusação de "incitar o público ao ódio e à hostilidade" durante as emissões que antecederam a prisão de Imamoglu, informou a estação.

Ilhan Tasci, membro do Conselho Supremo da Rádio e Televisão, afirmou que outros canais que apoiam a oposição foram multados os seus programas foram suspensos devido à cobertura dos protestos.

O repórter da BBC Mark Lowen foi deportado da Turquia na sequência da sua detenção na quarta-feira, informou a estação noticiosa britânica.

A agência estatal Analdu noticiou que 30 pessoas foram detidas em Istambul pelo que descreveu como "criação de pânico" com publicações "provocatórias" nas redes sociais, apelando aos protestos de rua.

Leia Também: "É crucial que os jornalistas possam realizar o seu trabalho sem ameaça"

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