"Os nazis receberam um melhor tratamento ao abrigo da Lei dos Inimigos Estrangeiros", frisou Karen Henderson, uma dos três juízes do painel programado para decidir sobre o recurso do Governo norte-americano contra o bloqueio temporário da lei pelo juiz federal James Boasberg, do distrito de Columbia.
"Desafiamos a analogia nazi", contrapôs a vice-procuradora-geral Drew Ensign, que defendeu durante a audição de hoje que a ordem de Boasberg representa "uma intrusão maciça e sem precedentes" nas políticas de imigração e segurança nacional do presidente Donald Trump.
Karen Henderson defendeu que a decisão de Trump de invocar a lei é "sem precedentes".
O magnata de Nova Iorque afirmou que o gangue criminoso transnacional Tren de Aragua (TdA) está a invadir o país e invocou a Lei dos Inimigos Estrangeiros e, 15 de março, uma lei de 1798 que permite que os estrangeiros sejam expulsos sem uma audiência judicial prévia.
O seu objetivo era acelerar a deportação dos venezuelanos para El Salvador, país que aceitou detê-los no Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot).
Desde 15 de Março que Boasberg bloqueia a implementação da lei, levando o governo e o próprio Trump a pedirem a sua destituição, questionando a separação de poderes nos EUA.
Embora os três juízes do tribunal devam decidir sobre o recurso nos próximos dias, Henderson decidiu hoje que o governo não deu aos venezuelanos deportados a oportunidade de provar que não eram membros do TdA e "colocou-os apressadamente em aviões com destino a El Salvador".
Nesse sentido, indicou que a ordem de bloqueio temporário de Boasberg parece fazer sentido.
"Se o governo defender isto, este sábado podem meter-me num avião e expulsar-me, alegando ser do TdA", acrescentou.
Por sua vez, um dos advogados que interpôs a ação coletiva contra a implementação da Lei dos Inimigos Estrangeiros no tribunal federal, Lee Gelert, disse ao tribunal de recurso que o governo está a usar "um atalho" para conseguir deportações sumárias de imigrantes.
Indicou ainda que eventualmente provarão que todos, ou pelo menos a maioria, dos venezuelanos enviados para El Salvador que não são membros do TdA e que este grupo criminoso não tem, de facto, uma "estrutura hierárquica" e não desencadeou uma invasão dos EUA, como alega o Governo.
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