As forças de segurança enviaram hoje reforços e lançaram operações de grande envergadura no oeste do país, após confrontos sem precedentes com os combatentes leais a Assad que causaram mais de 70 mortos.
"As forças de segurança executaram 52 homens alauitas nas localidades de Al-Shir e Al-Mukhtariya", na região de Latakia, segundo vídeos autenticados pelo OSDH, bem como testemunhos recebidos de familiares das vítimas.
O OSDH e ativistas divulgaram vídeos em que se viam dezenas de corpos em trajes civis empilhados no pátio de uma casa, enquanto mulheres choravam nas proximidades, segundo a agência francesa AFP.
Noutro vídeo, homens em uniforme militar pareciam ordenar a três pessoas que rastejassem umas atrás das outras, antes de as matarem à queima-roupa.
Uma terceira sequência mostra um atirador a disparar vários tiros à queima-roupa contra um jovem em trajes civis à entrada de um edifício, antes de o matar.
A AFP não conseguiu verificar os vídeos de forma independente.
Uma fonte do Ministério do Interior citada pela agência síria Sana relatou "atos isolados de violência" cometidos por "multidões desorganizadas".
Tais atos serviram de retaliação pelo "assassinato de vários membros da polícia e das forças de segurança por homens leais ao antigo regime", segundo a fonte citada pela agência de notícias síria.
"Estamos a trabalhar para pôr fim a estes atos de violência, que não representam o povo sírio no seu conjunto", acrescentou a mesma fonte, sem especificar a natureza dos atos de violência.
O chefe dos serviços secretos, Anas Khattab, disse nas redes sociais que as autoridades ordenaram às unidades "implantadas nas províncias" que dessem provas de contenção desde que derrubaram Assad, em 08 de dezembro.
"Continuamos a pedir isso, porque os interesses superiores estão em primeiro lugar", acrescentou.
O OSDH tinha anunciado anteriormente que os confrontos provocaram a morte de 72 pessoas (mais uma do que na primeira informação), incluindo 36 membros das forças de segurança, 32 combatentes leais a Assad e quatro civis.
Este balanço eleva para 124 o número total de mortos registados desde quinta-feira pelo OSDH, uma organização não-governamental com sede em Londres, mas com uma vasta rede de informadores na Síria.
A Arábia Saudita e a Turquia criticaram hoje os ataques dos grupos leais a Assad, com Ancara a considerar que estavam a pôr em causa a paz na Síria e no Médio Oriente.
Desde a queda de Assad, as novas autoridades sírias lançaram operações destinadas a erradicar os "restos do regime", visando em particular os bastiões alauitas no oeste e no centro do país.
Os habitantes destas regiões denunciam regularmente que são vítimas de abusos, descritos como "incidentes isolados" pelas autoridades.
O presidente de transição da Síria e líder do Hayat Tahrir al Sham, grupo que conduziu a coligação de rebeldes à vitória, Ahmad al-Charaa, efetuou duas visitas às províncias de Latakia e Tartus em meados de fevereiro.
Assad tinha feito de Latakia e Tartus os seus principais redutos até à queda do regime fundado pelo pai, Hafez al-Assad, que liderou a Síria entre 1971 e 2000.
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